O Marrocos será o intruso na festa dos grandes nas quartas de final. Na noite desta terça-feira (6) aqui em Doha, venceu a Espanha nos pênaltis e garantiu mais do que uma vaga. Na primeira Copa árabe da história, tornou-se representante de um povo inteiro. Os países árabes e muçulmanos têm uma seleção para chamar de sua e com a qual sonhar.
Para quem acompanhou a trajetória do Marrocos nesta Copa não foi tão surpresa assim. Trata-se de uma seleção cuja marca é a força defensiva. Não foi à toa que acabou como líder do seu grupo, à frente da Croácia e despachando para casa a Bélgica. Passou os primeiros 180 minutos com apenas um gol sofrido, e contra, na última rodada, diante do Canadá.
Nas Eliminatórias, a força defensiva já era uma marca dos marroquinos. Em oito jogos, havia sofrido apenas três gols. Walid Regragui, um ex-zagueiro da própria seleção, montou uma estrutura defensiva sólida e conseguiu segurar a "Baby Espanha". Pedri, Gavi, Dani Olmo, Ferran Torres e Llorente não tiveram espaço. Foram desequilibrantes em outros jogos, mas acabaram sufocados por uma marcação severa, implacável e leal.
Walid montou um 4-5-1, com suas linhas formando barricadas na frente da área e sem conceder qualquer espaço aos espanhóis. Havia sempre um jogador na marcação e dois na retaguarda. Com a bola, os marroquinos saíam em velocidade, sempre de forma aguda.
Aliás, ser agudo foi o que faltou aos espanhóis. Passaram 63% do tempo com a bola, mas arremataram apenas duas vezes a gol. Assim, a "Baby Espanha" voltou para casa. O plano era trazer esse grupo, com 14 jogadores abaixo dos 25 anos, para ganhar rodagem no Catar, preparando-os para o próximo ciclo. Eles levam para casa muitas lições.