A Holanda fez prevalecer a lógica e se tornou a primeira seleção a se garantir nas quartas de final. Mas se esqueça daquela Holanda encantadora e com DNA do futebol total de Rinus Michels e Cruyiff, se não no aspecto coletivo, ao menos, nas individualidades. Nada disso. Louis Van Gaal se transformou com o tempo e se adequou ao que a safra holandesa lhe proporcionou para essa Copa.
Não há um trio como Robben, Van Persie e Snejder. Não há um meio-campo com Davids, Cocu e Ronald de Boer servindo Berkgamp e Kluivert. Há, isso sim, jogadores de bom nível e que fazem um coletivo forte. Gakpo, 23 anos, é a joia holandesa do momento e corresponde à fama. Memphis, no ataque, é um jogador terminal. Dumfries, ala direito, e Blind, ala esquerdo, fazem a leitura correta e viram atacantes que pisam na área na fase ofensiva e laterais que fecham linha de cinco na hora de defender.
É estranho ver a Holanda fechando linha de cinco e jogando com as linhas baixas. Johann Cruiyff deve estar tendo calafrios lá no céu vendo Van Gaal reconfigurar a seleção e deixar de lado um DNA tão marcante. Mas é dessa forma que ele fez uma seleção segura. Mesmo que, no 3 a 1 sobre os EUA, a equipe tenha desligado em alguns momentos e diminuído seu ritmo, imaginando estar com a vida resolvida. É claro que, em um eventual confronto com a Argentina, esse relaxamento não acontecerá. Porém, fica um ponto de alerta para os holandeses.
Quanto aos EUA, a passagem pelo Catar mostrou um futuro promissor e bons augúrios para a Copa da qual será anfitrião em 2026. Há bons valores, como McKennie, Musah, Adams, Dest e, claro, Pulisic. Esses jogadores ganharam bagagem e entenderam que, numa Copa, perder chances como fizeram contra a Holanda, cobra um preço caro. Os norte-americanos perderam de sair na frente, depois, deixaram de empatar quando estava 1 a 0 e viram Holanda ser precisa e pontiaguda quando chegava à sua área.
Ficou a lição para os guris dos EUA e a chance de fazer história, mais uma vez, para a Holanda.