A final da Copa do Mundo maltratou o coração do torcedor francês, mas também o fez sentir bater mais forte e se encher de orgulho. Não por menos. Os Azuis não desistiram de uma partida que parecia perdida nos primeiros 45 minutos, conseguiram um empate espetacular, mas acabaram sendo derrotados nos pênaltis.
Em Paris, quem não quis ficar em casa, teve de encarar o frio de -4 graus e recorrer a bares e restaurantes para assistir à decisão, já que telões e espaços para fanzones foram descartados pela prefeitura de Paris antes mesmo do início do Mundial — como protesto pela violação dos direitos humanos e trabalhistas no país sede da Copa do Mundo. A Avenida Champs-Élysées era o principal ponto de encontro. O desafio era achar um lugar tranquilo para assistir à final.
Duas horas antes de a bola rolar, a maior parte dos estabelecimentos na região turística da cidade já acumulava filas e mais filas. O jeito foi assistir pela janela, do lado de fora, entre uma fresta e outra.
No fim do primeiro tempo, com o placar de 2 a 0 para os argentinos, os semblantes eram de preocupação. E o desempenho em campo não agradava o torcedor francês.
— O time está irreconhecível, não podemos aceitar tanta pressão — cobrava Jean Valen, que viajou de Lyon à capital francesa junto com amigos.
Aos gritos de “Allez les bleus”, a esperança se renovava no segundo tempo.
— Passem mais a bola ao Mbappé — pediam alguns mais exaltados.
O torcedor tinha razão. Na segunda etapa, Kylian Mbappé marcou duas vezes e tranquilizou os corações dos mais de 67 milhões de franceses. O duelo foi para a prorrogação e nem a chuva e o frio espantaram quem esteve por horas na rua. Aos cantos de “Kylian, Kylian, Kylian”, o título era possível.
As penalidades, no entanto, foram cruéis. Coman e Tchouameni fizeram muita gente chorar, e o sonho do tri mundial foi adiado. A derrota frustrou a festa que estava preparada para acontecer na Champs-Élysées. Ainda assim, quem veio, voltou pra casa tendo o que celebrar.
— Eles honraram a camisa. Estão de parabéns —falou Martin Jean.
— Essa geração voltará mais forte na próxima Copa — disse o filho dele, Miguel
O brasileiro André Fernandes, que mora em Paris, estava torcendo pra França, mas admitiu que ficou feliz “por Messi”. Após as primeiras horas pós-derrota, nenhum grande incidente havia sido registrado pela polícia de Paris. A situação seguiu controlada, com a volta pra casa sem grandes ocorrências.
O principal incidente foi mesmo a derrota na final da Copa do Mundo.