A proximidade dos gaúchos com o povo e o futebol argentino foi determinante para que o Gaúcha Sports Bar estivesse completamente lotado para o acompanhamento da final da Copa do Mundo do Catar, que coroou a Argentina com o tricampeonato e deu a Messi o título que lhe faltava na carreira.
Na ausência da Seleção Brasileira, camisas de Grêmio e Inter se misturavam com as cores do Boca Juniors e da Argentina. A principal justificativa dada pelos brasileiros para torcer para os hermanos foi a idolatria que gremistas e colorados têm pelos atletas oriundos do país vizinho e que fizeram história em Porto Alegre. Os mais citados foram Andrés D’Alessandro e Walter Kannemann.
Após um primeiro tempo perfeito da Argentina e a vantagem de 2 a 0 no intervalo, os argentinos Matias Bruno e Luis González, naturais da cidade de Tandil, a 350km de Buenos Aires, mantiveram a calma para conter a euforia da proximidade do terceiro título mundial para a seleção de Messi e Di Maria, autores dos gols que davam a vantagem sobre a França.
— Faltam 45 minutos. Faltam 45 minutos. Mas se repetirmos o primeiro tempo, vamos conseguir a vitória — afirmou Matias, que completou explicando o porquê dos argentinos terem muito cuidado com a “mala pata”, expressão que significa azar.
— Não dá para gritar campeão ainda. Não se comemora título e nem gol antes da hora — brincou.
Durante o segundo tempo, os 45 minutos tomaram ares de contagem regressiva. Para comemorar um título que não vinha há 36 anos — a última Copa do Mundo vencida pela Argentina havia sido em 1986 —, Matias e Luis ficaram os olhos fixados no jogo e só fecharam para rezar no momento do pênalti convertido por Mbappé.
Mal deu tempo de respirar e, em um erro raro de Lionel Messi, que fazia a sua melhor Copa do Mundo na carreira, Mbappé recebeu um cruzamento perfeito e, na entrada da área, de primeira, com um chute rasante no contrapé de Emiliano Martínez, deixou a partida empatada no tempo normal.
Se a expressão “faltavam 4 minutos” tornou a Copa do Mundo amarga para os brasileiros, os argentinos tiveram o seu “faltavam apenas 2 minutos”. Lionel Messi apareceu para buscar a sua redenção, e aos 3 minutos do segundo tempo da prorrogação colocou a Argentina na frente. Mas aos 13, apenas 10 minutos depois, quando o Gaúcha Sports Bar já entoava o canto vitalizado pelos argentinos no Catar, Montiel, que entrara na prorrogação bloqueou a finalização francesa com o braço dentro da área. Pênalti para a França, e Mbappé converteu, deixando tudo igual.
Se estava difícil escolher um herói dessa final, Emiliano Martínez facilitou tudo. Com uma defesa na decisão por pênaltis, cravou a bandeira da Argentina no topo do mundo. E Messi? Foi o primeiro a bater e converter o seu pênalti.
— Não acredito. Eu não acredito que a Argentina e Lionel Messi são campeões do mundo. Messi é o melhor da história. A gente não pode mais discutir isso. Ele tem tudo. Tem Champions League, Copa América e agora a Copa do Mundo — extravazou Luis.