A primeira linha de metrô construída para a Copa do Mundo de 2022 já está em funcionamento. No último dia 8 de maio, o Ministério de Transportes do Catar inaugurou um dos três itinerários que integrarão todas as cidades do Mundial no país árabe, e GaúchaZH foi conferir de perto a infraestrutura que será peça-chave para o bom andamento da competição. A praticidade e agilidade atribuídas ao empreendimento pelo governo catari foram testadas na manhã desta segunda-feira (13) pela reportagem.
Após seis anos do início das obras, a Linha Vermelha foi inaugurada com 13 de suas 18 estações — as demais serão liberadas até o final de 2020, quando a cidade de Lusail estiver finalizada. Além do novo município, a linha também percorre as cidades de Doha e Al Wakrah.
O discurso é de que "o torcedor poderá ver até três jogos em um mesmo dia no Mundial", de acordo com o Comitê Organizador. Sendo assim, com o objetivo de comprovar a promessa, cronometramos o trajeto de um extremo a outro: da estação de Al Qassar até a de Al Wakrah. E chegamos a conclusão de que sim, é possível assistir a mais de duas partidas em um dia.
Com o trem a uma velocidade de 80 a 100 quilômetros por hora, o tempo total do percurso foi de 31min23s46— contado a partir do momento em que a porta do vagão em Al Qassar foi fechada até sua abertura em Al Wakrah. Entre uma estação e outra, o tempo de espera variava de dois a três minutos, não passando de três minutos e 30 segundos. Com esse padrão, podemos projetar que, com as demais estações liberadas, o trajeto completo da Linha Vermelha não passará dos 50 minutos.
— Este é um dos mega projetos do Catar, e não é apenas um projeto que está abrindo, é uma nova forma de transporte em todo o país. Ele dará as boas vindas a todos os cidadãos e turistas — declarou Abdulla Al Mawlawi, diretor de relações públicas e comunicações da Qatar Rail.
A Linha Vermelha contorna boa parte do litoral catari, ligando duas arenas da Copa do Mundo: o Estádio de Lusail e o Estádio de Al Wakrah. Ao todos são 40 quilômetros de trilhos.
Estrutura
As estações são grandes e bem refrigeradas, com ar-condicionado ligado no máximo. Na segunda-feira, dia 13 de maio, fazia 39°C em Doha. Há assentos em todos os níveis, escadas rolantes e elevadores. Além de caixas eletrônicos e banheiros. Algumas estações também possuem praça de alimentação. No entanto, ainda não tem wi-fi — que deverá ser liberado até a Copa do Mundo.
Os passageiros não possuem acessos aos trilhos, que são protegidos por longas portas de vidro escuras. A reportagem comprou o ticket day pass da classe Standard, econômica, que deverá ser o mais utilizado pelos torcedores na Copa. O valor é de seis cataris (R$ 6,58). O day pass é ilimitado durante todo o dia, tanto ida quanto volta em qualquer estação.
Nos vagões, os assentos são acolchoados. Em alguns pontos podemos encontrar entradas USB para recarga de celular, assim como locais reservados para malas. Há telas espalhadas por todo o trem com as indicações das estações em inglês e árabe, além do trajeto atualizado em tempo real. Também tem avisos sonoros em ambas as línguas.
Os trens, que foram fabricados no Japão, Têm ocupação total de 415 pessoas e não contam com motoristas, são operados automaticamente.
Mais linhas
As demais linhas, verde e amarela, serão inauguradas até o final do ano. Ao todo, o país tem como objetivo de colocar 75 trens e circulação em 37 estações. Após o Mundial no país, o Catar planeja uma segunda fase de construção, que incluirá uma linha azul adicional e deverá estar concluída em 2026.
Alguns entraves
A população ainda não se adaptou com o novo sistema de transporte. Em todas as estações encontramos mais funcionários — que estão em bom número — do que usuários. A expectativa é de que, ao poucos, o país incluirá a praticidade ao seu dia a dia para evitar congestionamentos e economia.
A cultura do carro é muito presente entre os cataris. A média é de quatro veículos por família. Com isso, nos horários de pico — manhã e final da tarde—, podemos presenciar congestionamentos nas principais vias de Doha.
*A repórter viajou a convite da Federação de Futebol do Catar