Mário Fernandes foi o último jogador nascido no Brasil a dar adeus à chance de conquistar a Copa 2018. Um dia após a eliminação da Seleção, a quem ele já disse "não", o lateral-direito da Rússia foi um dos protagonistas das quartas de final contra a Croácia, que acabou com derrota nos pênaltis após empate em 2 a 2 no tempo normal e na prorrogação.
Ironicamente, Mário Fernandes foi o responsável por fazer o sonho russo durar um pouco mais ao igualar o placar a cinco minutos do fim da prorrogação, mas tornou-se vilão ao desperdiçar o pênalti que deu fim ao conto de fadas dos anfitriões.
O lateral chutou para fora a terceira cobrança da Rússia, quando cada seleção já havia errado uma (Smolov para os locais e Kovacic para a Croácia) e acertado outra. A falha foi crucial, já que todas as cobranças seguintes foram convertidas até o fim da série: 4 a 3 para os croatas, que vão enfrentar a Inglaterra na semifinal.
Até aquele momento, o russo-brasileiro de 27 anos era o grande herói da noite. Após o empate por 1 a 1 no tempo normal, tudo parecia perdido quando Vida colocou a Croácia em vantagem na primeira etapa da prorrogação.
A Rússia tinha dificuldades para criar chances, mas o lateral resolveu o problema ao ir para a área e aproveitar uma falta bem cobrada por Dzagoev para marcar. Festa da família Fernandes em São Caetano do Sul, cidade em que o jogador nasceu - ele mora na Rússia desde 2012, quando foi comprado pelo CSKA, seu clube até hoje, após boas passagens pelo São Caetano e pelo Grêmio.
Foi o primeiro gol de Mário com a camisa da seleção russa. Não é lá uma trajetória muito extensa: são apenas dez jogos, sendo cinco nesta Copa do Mundo - só não foi titular na última rodada da primeira fase, contra o Uruguai, mas entrou no segundo tempo.
Outros seis jogadores nascidos no Brasil já haviam marcado gol em Copa do Mundo vestindo outras camisas: Sinha (México), Pepe, Liedson e Deco (Portugal), Diego Costa (Espanha) e Cacau (Alemanha).
Mário Fernandes é se naturalizou russo em 2016 e estreou na seleção do país ano passado. Antes, quando ainda atuava pelo Grêmio, ficou famoso no Brasil por recusar um chamado de Mano Menezes, em 2011, sem dar maiores explicações.
Em 2014, aceitou uma convocação de Dunga e até participou de um amistoso contra o Japão. Como não era uma partida oficial, isso não o impediu de defender a Rússia, que fez neste ano sua melhor campanha em Mundiais após o fim da União Soviética.