Alô, Kazan, o Brasil está chegando. Nesta segunda-feira (2), venceu o México por 2 a 0 com uma atuação de gala de Neymar e garantiu vaga nas quartas de final. Falta agora só saber quem será o rival da sexta-feira, se Bélgica ou Japão. Pouco importa, a Seleção está lá e, como diz Tite, jogando muito.
Havia no fim da tarde nas marges no Volga um calor sufocante, sem nem uma brisa soprando. Na Arena Samara, então, pela arquitetura lembrando um asteroide com cobertura metálica, a sensação era de estar jogando em um domingo de fevereiro em Porto Alegre, aqueles em que estão todos na praia, menos você.
Não bastasse esse cenário, o México entrou em campo cheio de impetuosidade. Isso fez com que os 22 primeiros minutos fossem aterrorizantes para a Seleção. Juan Carlos Osorio colocava seus três atacantes em cima dos zagueiros e de Casemiro. Os meias fechavam as saídas de Fágner e Filipe Luís.
Nesse cenário, o Brasil saia do seu script e usava a ligação direta. A bola chegava na zaga mexicana e vinha com meias e atacantes tramando, maliciosos, movediços, até a entrada da área. Ali, se instalava o pânico. Miranda, Thiago Silva e Casemiro se esparramavam no chão para bloquear os chutes.
Os mexicanos em campo enchiqueiraram o Brasil. Os mexicanos na arquibancada, em número bem superior, ensandeciam. Os brasileiros ensaiavam um "Nenhuuuum campeonatoooo", e eles vinham com um rugido:
— Bamo, bamo, bamo, Méééérrrico, olêêêê, Mérrrrricôôôô.
Ou então debochavam do Brasil quando seus zagueiros trocavam passes larerais aos cantos de "olé".
Mas isso durou exatos 22 minutos. Os mexicanos recuaram a marcação e passaram a dar espaços. Aos 25, Neymar driblou Álvarez na área, mas Ochoa salvou. O Brasil, então, criou chances efetivas. Aos 27, Ochoa tirou cruzamento no peito de Gabriel, que chutou, e o zagueiro cortou. Aos 33, Jesus limpou pela esquerda e chutou. Ochoa, de novo, salvou. No rebote, não fosse o pé do zagueiro, Coutinho teria feito. A Seleção ainda teria a cobrança de falta de Neymar, por cima, aos 40.
Os mexicanos voltaram para o segundo tempo com Layun, misto de lateral-direito, volante e meia no lugar da versão volante de Rafa Márquez, 39 anos, aquele mesmo do Barcelona que pegou o Inter em 2006. Osorio também colocou Álvarez, com cartão amarelo, na zaga e empurrou Salcedo para a lateral-direita.
O Brasil seguiu o mesmo e em cima do México. Logo aos 2min, Neymar tocou para Coutinho o escanteio curto. Ele derivou para o meio e chutou. Ochoa, de novo. O México teve a chance de abrir o placar em contra-ataque, mas o lateral Gallardo chutou em vez de passar. O jogo prometia. E cumpriu. Aos cinco, Neymar veio da esquerda para o meio e, na meia-lua, deu de calcanhar par Willian. Mas não parou de correr e entrou como um raio, de carrinho, para fazer o 1 a 0.
Os mexicanos na arquibancada se calaram. Os brasileiros, enfim, se fizeram ouvir.
— Pula sai do chão quem é pentacampeão!!
Até o som de um bumbo deu para ouvir aqui na Arena Samara. O Brasil jogava para a frente e dominava. Aos 13, Paulinho recebeu livre, mas o chute foi em cima do goleiro. Osorio abriu o time, colocou Layun na direita e Jonathan dos Santos no meio, tirando um zagueiro. Willian, o foguetinho, como Tite chama, ganhou o campo de que precisava. Aos 17, ele arrancou e chutou forte. Ochoa salvou. Aos 23, tabelou desde a defesa com Jesus e serviu Neymar. O chute foi quase uma tacada de sinuca, mas passou a centímetros do poste.
A esta altura, os brasileiros já debochavam sem medo dos mexicanos, apesar das arrancadas verticais de Vela e Lozano e do gás novo com Jiménez no lugar de Chicharito. Nem o cartão amarelo de Casemiro, o segundo, que o tira das quartas, arranhou a alegria. Na Arena Samara, ecoou alto:
— Ai, ai, ai, cuantas emociooooooneeees…
Tite, aos 29, fez a troca de sempre. Tirou Paulinho, extenuado, para colocar Fernandinho. Em seguida, colocou Firmino no lugar de Coutinho. Queria liquidar logo. E liquidou. Aos 43, Neymar arrancou pela esquerda e, dentro da área, tirou com o bico da chuteira de Ochoa. Livre, Firmino fez o 2 a 0 e garantiu as passagens para as quartas. Nos vemos em Kazan, na sexta-feira.
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