Era um domingo de Campeonato Brasileiro em São Januário, com público acanhado de menos de 7 mil pessoas. O Vasco recebia o Guarani, em jogo pela primeira fase da competição. A trivialidade da partida e do cenário não dava indícios de que aquela tarde, em 7 de setembro de 1986, voltaria muitas vezes à mente de um personagem importante do futebol nacional.
Enquanto prepara a lista de convocados que paralisa o país a cada quatro anos, é provável que Tite, em meio à tensão, deixe a memória o levar para o campo do Vasco, vestindo a camisa verde do Guarani, e o faça viajar até os dois minutos do segundo tempo. É quando Barbieri bate o escanteio, a bola viaja, e ele cabeceia firme para bater o goleiro Acácio e dar a vitória a seu time.
Não foi o primeiro nem o último gol da carreira, mas talvez tenha sido o mais emblemático. Tornou-se a marca da superação de um jogador abalado pelas lesões e que, em dado momento, havia considerado abandonar o esporte.
O testaço certeiro de Tite naquela tarde firmou seu elo com o futebol, que antes parecia prestes a se romper — de julho de 1984 a agosto de 1986, entre idas e vindas do departamento médico, o meio-campista ficara 20 meses afastado da bola por conta de duas lesões graves no joelho esquerdo. O gol, aos olhos de Tite, manteve a carreira viva e a esperança de que um dia se livraria dos problemas nos dois joelhos – que, depois, causariam o fim de sua trajetória nos campos. Foi o gol que renovou sua paixão pelo jogo.
Nos anos seguintes, sua capacidade de liderança e busca incessante por conhecimento ajudaram a desenhar o futuro como treinador. Mas haveria um Tite técnico sem o jogador? Difícil.
Foi na carreira nos gramados que Adenor Bachi – a completar 57 anos no dia 25 – forjou as qualidades que o transformaram em comandante da Seleção Brasileira, assim como foi ali, no convívio dos vestiários e dentro das quatro linhas, que começou a mostrar características típicas do líder carismático que se tornou.
GaúchaZH recupera, em quatro etapas, a trajetória do técnico da Seleção Brasileira dentro de campo. Veja abaixo.
Na Serra, os primeiros passos de Adenor Bachi, a profissionalização no Caxias e a primeira passagem pelo Esportivo.
No Canindé, a posição mais adiantada aflora qualidades como o bom cabeceio e a leitura de jogo para saber o momento de entrar na área.
Em Campinas, a montanha-russa emocional com os problemas físicos e uma campanha inesquecível no Brasileirão de 1986
No Esportivo e no Guarany de Garibaldi, os últimos jogos em campo