O principal desafio hoje da Seleção Brasileira, às vésperas da Copa do Mundo, é aprender a furar retrancas, especialmente de equipes que jogam com uma linha de cinco defensores. Será aliás, o caso da Rússia, adversária no amistoso desta sexta (23), às 13h (horário de Brasília). Para furar o bloqueio russo, o técnico Tite preparou um antídoto: sacou o meia Renato Augusto e escalou um time mais ofensivo, com Willian, Philippe Coutinho, Douglas Costa e Gabriel Jesus juntos.
A comissão técnica brasileira não esquece o empate por 0 a 0 com a Inglaterra, no dia 14 de novembro do ano passado. Na ocasião, o Brasil parou na indevassável fortaleza de cinco defensores ingleses. Por esta razão, a escolha pela Rússia como adversária não foi por acaso.
— Vamos encontrar contra os russos um sistema tático muito parecido com o que enfrentamos na Inglaterra. A Rússia não caiu do céu. Tínhamos que pegar um adversário do nível que nós esperávamos. Nós sempre levamos em conta o sistema que as seleções adversárias vão utilizar. E nós acreditamos que podemos encontrar este estilo de jogo (com cinco defensores) na Copa do Mundo — explica o diretor de seleções da CBF, Edu Gaspar.
Para furar a "retranca" da Rússia, Tite tirou Renato Augusto e promoveu o ingresso de Willian. Desta forma, o Brasil vai jogar, quando estiver atacando, em um esquema 4-3-3, com Willian como ponta-direita, Douglas Costa na ponta-esquerda e Gabriel Jesus como centroavante. Porém, o grande responsável pela "quebra" da linha de cinco será o armador Phillipe Coutinho.
— A mobilidade dele (Coutinho) é o mais importante. Ele te dá profundidade. Mas a gente não abre mão, em qualquer conceito, que os três homens da frente venham recompor. Mas também vamos preservar as características. Eles são jogadores mais agressivos e mais verticais — ressalta o técnico Tite.
O comentarista dos canais ESPN, Gustavo Hofmann, que acompanha a Seleção Brasileira em Moscou, acompanhou o treinamento que definiu a equipe e apoia a estratégia definida pelo treinador.
— Este é um esquema que facilita para jogar contra um adversário que atua com uma linha de cinco defensores. Para enfrentar uma proposta defensiva, é melhor ter mais jogadores móveis de habilidade e velocidade no setor de ataque — opina Hofmann.
Como Philippe Coutinho deve ser bem marcado por algum dos cinco defensores russos, talvez a arma secreta para furar a retranca adversária tenha que vir de trás. Possivelmente, através das famosas arrancadas do volante Paulinho, do Barcelona.
— Pode ter certeza de que o Paulinho vai ter muita entrada na grande área. O Tite vê o passe pelo alto como uma forma eficaz de quebrar essa linha de cinco defensores. Essa bola aérea pode ser para o atacante, ou também para o jogador que vem de trás. Então, o Paulinho talvez tenha uma importância muito grande neste esquema do Brasil — completa Hofmann.
O fato é que o amistoso contra a Rússia não é encarado por Tite e seus auxiliares como um amistoso qualquer e sim como uma grande oportunidade de solucionar uma das poucas carências da avassaladora Seleção Brasileira.
— A gente espera um jogo difícil. Estamos nos preparando muito bem para essa partida, porque o o nosso objetivo principal é a Copa do Mundo — lembra o meia-atacante Willian.
E para ir bem na Copa do Mundo, provavelmente o Brasil terá que aprender a furar retrancas.