Com apenas 330 mil habitantes, a Islândia talvez seja a maior surpresa entre as 23 seleções já classificadas para a Copa do Mundo 2018. A seleção possui peculiaridades, como um técnico dentista e um goleiro que trabalha também como cineasta. Porém, o segredo do sucesso islandês é um forte trabalho de longo prazo, que envolveu investimento pesado em infraestrutura e em formação de atletas.
Nos últimos dez anos, a federação islandesa construiu dezenas campos de treinamento de grama sintética ou em ginásios fechados, o que possibilitou o desenvolvimento do futebol, mesmo durante o inverno rigoroso da ilha. O esporte é bastante estimulado nas escolas do país, o que incentiva a formação de atletas. Além disso, centenas de profissionais islandeses foram enviados pela federação local para fazer cursos de treinador credenciados pela Uefa.
Os primeiros resultados do eficiente planejamento islandês vieram em 2011, quando a seleção sub-21 do país conquistou a inédita classificação para o Campeonato Europeu da categoria. Naquele ano, a federação islandesa contratou o experiente técnico sueco Lars Largeback, que fez um excelente trabalho ao longo de cinco anos.
A partir de 2013, o treinador decidiu dividir a função com o então auxiliar Heimir Hallgrímsson, preparando-o para assumir o posto no futuro. Aliás, ambos se conheceram justamente em um dos curso da Uefa tão valorizados pela federação.
Os frutos do trabalho começaram a ser colhidos na Eurocopa 2016, quando a Islândia surpreendeu a todos ao chegar às quartas de final, eliminando, por exemplo, a poderosa Inglaterra. Após o torneio europeu, Largeback deixou o cargo e deixou Hallgrímsson a sós no cargo de treinador. A qualidade do trabalho, no entanto, foi mantida, e o prêmio maior foi a inédita classificação para a Copa do Mundo 2018.
O time islandês tem algumas peculiaridades. Aos 50 anos e com vasta experiência no futebol local, o técnico é dentista e concilia as atividades de treinador da Islândia com o seu consultório. Já o goleiro Hannes Thor Halldórsson, 33 anos, é cineasta e já produziu documentários, filmes e materiais publicitários. Até o "boom" da seleção islandesa, esta era era a principal renda do jogador, que pretende seguir na área do cinema quando pendurar as chuteiras.
Dentro de campo, os principais pilares do time são o capitão Aron Gunnardson, 28 anos, volante de boa qualidade no passe, e, principalmente, o craque do time Gylfi Sigurdsson, 28 anos, artilheiro e referência técnica. O estilo de jogo da equipe islandesa é objetivo e vertical, tendo a bola longa como um dos principais recursos.
No Mundial 2018, só a classificação já pode ser considerada uma conquista histórica. O que vier daqui para frente é lucro.