
A partir das 21h deste sábado (19), o Gre-Nal 447 apresentará na Arena um confronto que vai além das linhas que delimitam o gramado. De lados opostos nas casamatas, James Freitas e Roger Machado se encontrarão pela primeira vez como adversários dentro da rivalidade que move o Estado.
Uma relação que transcende camisas, clubes e vai além dos gramados. Um duelo de amigos.
James já foi apresentado ao Gre-Nal. Gaúcho de São Lourenço, com 56 anos, ele conhece as entranhas da rivalidade. Em seus mais de 25 anos de carreira, comandou o Tricolor no clássico em jogos da categoria feminina, base e agora terá sua primeira oportunidade como responsável no nível profissional.
Mesmo que já tenha vivido a adrenalina do confronto diversas vezes como auxiliar, quis o destino que essa estreia fosse justamente contra um de seus principais amigos e referências no futebol.
A história da parceria com Roger Machado começou em 2015, com o Grêmio como ponto de partida. Após a saída de Felipão, James foi promovido para trabalhar no grupo principal como auxiliar técnico. Junto a ele, Rogério Dias, o Rogerinho, também acabou fixado na comissão da equipe profissional como preparador físico.
A mesma dupla que recebeu a missão de comandar o Tricolor antes do clássico deste sábado após a goleada sofrida para o Mirassol na última quarta-feira.
— James é um grande treinador, mas que resolveu ser um auxiliar em sua trajetória profissional. Ele é um grande auxiliar do clube, seja qual for a casa. É um estudioso do futebol. Me presenteou com livros sobre questões táticas. Acredito que sempre que ele tenha espaço de conversar, soma muito para seus times. Conhece muito do jogador. Tem coragem e lealdade, algo fundamental para quem trabalha com treinadores — opina Rui Costa, executivo do Grêmio entre outubro de 2012 e maio de 2016, que hoje trabalha no São Paulo.
James chegou a substituir Roger no Grêmio em 2015. Suspenso por ter sido expulso, o ex-lateral deu lugar ao seu auxiliar no comando da equipe para um jogo contra o Fluminense.
— A gente senta, sugere algumas coisas, traça alguns cenários antecipando alguma coisa. A condução final do trabalho do dia de jogo vai ficar por conta do James. A confiança é plena, porque o trabalho é bem afinado entre mim e ele. Nossas ideias se parecem muito — disse Roger em entrevista coletiva na época.
A relação construída no Grêmio seguiu em outros clubes. Após ser interrompida em 2016, e com James indo trabalhar com Mano Menezes no Cruzeiro em 2017, a parceria foi retomada no Palmeiras em 2018 e depois repetida no Fluminense em 2021 e refeita mais uma vez no Tricolor em 2022.
— A gente já se conhecia. Temos um entendimento de bom tempo. Ficou bom para todos. Já conhecia o Roberto (Ribas). Essa sinergia acontece pelo perfil do Roger. Ele é um cara que escuta todo mundo — comentou James, em entrevista ao ge.globo em 2015.
Um dos responsáveis pelas oportunidades aos dois técnicos do Gre-Nal 447 no time principal do Grêmio, Rui Costa aposta em um grande confronto para quem acompanhar o jogo.
— Será um clássico interessante. James conhece muito o Roger e o Roger conhece muito do James. Será um confronto muito tático. E acredito que o Grêmio fará um grande jogo — disse o diretor-executivo do São Paulo.
Curiosamente, Roger viveu a experiência que James Freitas terá neste sábado. Em 2012, após a saída de Caio Júnior e a chegada de Vanderlei Luxemburgo, o atual técnico colorado comandou o Grêmio interinamente em um clássico.
Resultado: vitória por 2 a 1, com gols de Léo Gago e Kleber no Beira-Rio, antes de voltar ao posto de auxiliar na época.