O Brasileirão 2024 começou no fim de semana e, com ele, vieram as polêmicas de arbitragem. Diversos lances nesta primeira rodada foram alvo de reclamações por parte dos clubes.
Por isso, GZH buscou opiniões de dois ex-árbitros que hoje atuam como comentaristas para analisar os lances polêmicos. Afinal, houve ou não erro dos juizes nas partidas? Confira jogo a jogo.
Vasco x Grêmio
Na derrota do Grêmio para o Vasco foram pelo menos duas situações duvidosas durante o jogo. A primeira foi um pênalti não dado para o Tricolor. No lance, a bola bate no braço do lateral-esquerdo Lucas Piton, mas Flávio Rodrigues de Souza (Fifa-SP) manda o jogo seguir. A árbitra Daiane Muniz (Fifa-SP), responsável pelo VAR no confronto, sugeriu que ele revisasse o lance, já que "o braço não está em posição natural".
— O Lucas Piton, de abraços abertos, coloca a bola embaixo do braço. O árbitro foi no monitor de vídeo e interpretou como mão acidental. Isso para mim é mão deliberada. Não se joga futebol de braços abertos. Pênalti que deveria ter sido marcado — analisa Carlos Simon, ex-árbitro gaúcho que hoje é comentarista da ESPN.
No mesmo jogo, também houve reclamação de pênalti por parte do Vasco no segundo tempo. Após rebote do goleiro Marchesín, Galdames foi atingido por Rodrigo Ely dentro da área. O árbitro não marcou a infração e o VAR também não recomentou a revisão do lance. Porém, para Simon, foi outro erro da arbitragem do jogo:
— O zagueiro do Grêmio chuta a panturrilha do adversário. O árbitro não marcou e errou, era pênalti.
Atlético-GO x Flamengo
Outra partida repleta de polêmicas foi Atlético-GO x Flamengo, no Serra Dourada. Foram pelo menos três lances que dividiram opiniões. O primeiro é a não expulsão de Alejo, da equipe goiana. Ele acerta Ayrton Lucas com a sola da chuteira na cabeça e o árbitro André Luiz Policarpo Bento dá apenas o cartão amarelo, e o VAR não chama para revisão.
— Foi no rosto, atingiu com a sola da chuteira o Ayrton Lucas. Eu discordo do cartão amarelo. O jogador teve intenção? Não teve, mas a regra não fala disso. A regra fala da maneira que disputou e se ele colocou a integridade do adversário em risco ou não. Lance claríssimo de vermelho, que não foi aplicado em campo e o VAR deveria ter chamado para revisão — analisa Paulo Cesar de Oliveira, ex-árbitro e comentarista do Grupo Globo.
Em outro momento da partida, Pedro puxava contra-ataque para o Flamengo e precisava passar por Alix. O defensor foi driblado e cometeu a falta, sendo considerado o último homem antes do goleiro. O árbitro marcou a infração e deu o cartão vermelho para o jogador do Atlético-GO.
— A avaliação desse lance não é pela natureza e intensidade da falta. Se fosse no meio de campo, seria apenas falta com cartão amarelo. Nesse lance precisa ser analisada a condição tática. Aí entram os quatro D's: domínio da bola, distância, direção da jogada e defensores. Analisando o momento da falta, caso o Pedro passasse pelo Alix, a possibilidade de ele fazer o gol seria muito grande. A decisão é correta de expulsão — comenta PC de Oliveira.
Por fim, o lance que decidiu a vitória do Flamengo foi um pênalti dado para a equipe carioca no final da partida. Maguinho acertou uma cotovelada em Bruno Henrique dentro da área. O árbitro inicialmente não marcou nada, mas o VAR chamou para a revisão. Após alguns minutos, André Luiz Policarpo decidiu pela marcação da penalidade, que foi convertida por Pedro.
— O contato já ocorre antes mesmo de a bola chegar e ele é claramente no rosto. Pode ter uma avaliação em uma questão disciplinar. Mas a questão técnica é clara, o jogador está assumindo o risco e a orientação é para marcação de falta — diz o analista de arbitragem.
Cruzeiro x Botafogo
Na vitória do Cruzeiro sobre o Botafogo, o zagueiro Alexander Barboza, do time carioca, foi expulso na metade do segundo tempo. Ele cometeu falta em Matheus Pereira e foi inicialmente punido com um cartão amarelo. No entanto, o VAR chamou o árbitro Matheus Delgado Candançan, que mudou a cor do cartão.
— O VAR interviu de maneira correta e mudou a cor do cartão. Isso é jogo brusco grave, uma jogada forte, com a sola da chuteira no pé do adversário — analisa Simon.
Corinthians x Atlético-MG
Por fim, no empate sem gols entre Corinthians e Atlético-MG, um lance envolvendo o lateral corintiano Fágner gerou polêmica. Ele levanta o pé e atinge Zaracho, recebendo o cartão amarelo, mas Yuri Elino Ferreira da Cruz foi chamado pelo VAR para analisar uma possível expulsão. O árbitro, entretanto, decidiu manter o cartão amarelo.
— Em nenhum momento ele fez questão de recolher a perna e tirar a força do impacto. A avaliação da cabine foi de que pegou na bola primeiro, mas todas as vezes que o jogador toca na bola e continua com esse movimento e com a brutalidade, isso é jogo brusco grave e força excessiva, com risco de lesionar o adversário. É lance para vermelho — avalia PC de Oliveira.