O Brasileirão 2020 é a segunda edição do campeonato com a utilização do VAR. A tecnologia ainda enfrenta questionamentos e criticas sobre a demora para a tomada de decisão, além de dúvidas sobre os procedimentos dentro e fora de campo. O que acontece na cabine de vídeo mudou a marcação inicial 14 vezes para o Inter e 18 para o Grêmio, segundo levantamento do GE.com. Porém, as maiores polêmicas acontecem quando não se sabe o que foi conversado ou decidido entre os árbitros, já que a CBF não divulga o conteúdo dos diálogos entre o campo e o árbitro de vídeo.
A polêmica mais recente foi no duelo entre Inter e Vasco, mobilizando um debate nacional a partir da "calibragem" do recurso de vídeo. Na vitória por 1 a 0 no último domingo (14), Rodrigo Dourado marcou um gol de cabeça que não pôde ser revisado por falha técnica do programa que posiciona as linhas comparativas da posição de impedimento. O VAR não funcionou, a decisão do árbitro prevaleceu e os cariocas ficaram na bronca. Nesta segunda (15), a empresa Hawk-Eye, responsável pelo software utilizado no VAR, divulgou nota oficial explicando o ocorrido e admitindo o problema. Mas as polêmicas e reclamações vão muito além desse lance.
Relembre as maiores polêmicas envolvendo o VAR e a dupla Gre-Nal no Brasileirão 2020
Inter
Barriga ou mão?
A vitória do Inter sobre o Bragantino no Beira-Rio por 2 a 1, em 31 de janeiro, pela 33ª rodada, teve o gol do desempate colorado marcado a partir de uma penalidade assinalada com a ajuda do VAR. O cruzamento de Patrick, aos 9 minutos do segundo tempo, desviou na barriga e depois tocou no braço do lateral Weverton. No campo, não foi vista reação de jogadores pedindo pênalti, mas a cabine de vídeo, coordenada por Heber Roberto Lopes, avisou o juiz Sávio Pereira Sampaio. O replay exibido na transmissão, no entanto, não deixava certeza absoluta do toque da bola na mão. Sávio foi ao monitor na beira do campo e decidiu marcar a infração.
Estava valendo
Em outro 2 a 1 no Beira-Rio, esse sobre o Botafogo, em 12 de dezembro pela 25ª rodada, o Inter também comemorou a vitória com o aval do VAR. O segundo gol colorado, marcado por Yuri Alberto, aos 23 minutos do segundo tempo, foi fruto de uma cobrança de falta rápida e da desatenção da zaga do Botafogo.
O atacante interceptou e mandou a bola para o fundo das redes. O árbitro Caio Max Vieira foi pressionado pelos jogadores de ambas equipes e precisou rever as imagens do lance com o auxílio do árbitro de vídeo Igor Benevenuto. Só assim, ele teve certeza de que havia autorizado o recomeço do jogo quando o zagueiro botafoguense recuou nos pés do atacante colorado. A decisão demorou, mas veio, e foi favorável ao Inter.
Tecnologia de linha
Os gols nos acréscimos que empataram o jogo entre Palmeiras e Inter, pela sétima rodada, poderiam ter definido um outro resultado caso o VAR conseguisse ver se a bola batida por Boschilia entrou ou foi defendida por Weverton, minutos antes. Uma falta cobrada pelo meia, aos 26 minutos do segundo tempo, foi segurada pelo goleiro palmeirense enquanto ele saltava no ar, em deslocamento para trás. A aterrissagem foi dentro do gol, com os braços esticados tentando evitar que a bola em suas mãos cruzasse a linha.
A melhor imagem não garantiu certeza absoluta sobre o lance. Prevaleceu a decisão do árbitro de campo Wilton Pereira Sampaio e não foi assinalado gol.
Grêmio
Escala polêmica
O confronto contra o São Paulo, pela 17ª rodada, em outubro, já tinha polêmica antes do apito inicial. Na semana que antecedeu a partida, dirigentes paulistas reuniram-se com o coordenador de arbitragem da CBF, Leonardo Gaciba, e pediram para que o responsável pelo VAR no jogo fosse trocado.
O pedido era baseado em uma reclamação sobre outra partida do São Paulo e foi atendido por Gaciba. Em campo, no Morumbi, o Tricolor gaúcho perdeu Alisson lesionado após entrada de Daniel Alves, viu Geromel ser derrubado na área adversária pelo lateral Reinaldo sem que o árbitro Rafael Traci ou o responsável pela revisão das jogadas, Elmo Resende, alertassem para as jogadas.
A direção gremista protestou após o empate em 0 a 0. O presidente Romildo Bolzan chegou a ir até o Rio de Janeiro conversar pessoalmente com Leonardo Gaciba, de onde saiu conformado, mas não satisfeito. Os diálogos e imagens do VAR não foram divulgados, nem a CBF manifestou-se oficialmente sobre o jogo.
Pênalti lá e aqui
O Gre-Nal que encerrou a sequência invicta do Grêmio no clássico, em janeiro, pela 32ª rodada, foi marcado por reclamações por parte do técnico Renato Portaluppi em relação à postura do VAR.
Dois lances de pênalti, um em cada área para cada time, tiveram resultados diferentes. Para o Tricolor, Ferreira dividiu a bola com Nonato no ataque, perdeu, e não teve o lance revisado no monitor. Minutos depois, já nos acréscimos, o Colorado conseguiu a virada com uma jogada de bola na mão de Kannemann. Pênalti marcado no campo, pelo árbitro paulista Luiz Flávio de Oliveira, que manteve sua decisão depois de conversar - mas não ir ao monitor - com a cabine de vídeo liderada por Wagner Reway. Resultado final: 2 a 1 para o Inter, e mais de uma semana de protestos de Portaluppi.
Braço ou ombro?
A vitória por 3 a 1 sobre o Botafogo, na 16ª rodada, na Arena, começou com um gol de Diego Souza contestado pela participação de Matheus Henrique no início da jogada. O volante dominou um chutão dado pela zaga carioca com o braço esticado, na frente do juiz Luiz Flávio Oliveira. Não há certeza através das imagens se a bola tocou no braço ou no ombro do jogador gremista.
O gol foi revisado pela sala do VAR, mas não por Flávio no monitor à beira do campo. Lance legal, na interpretação do árbitro Fifa, e reclamações por parte do Botafogo. O comentarista de arbitragem na transmissão do Premiere, o ex-árbitro Sandro Meira Ricci, disse que a jogada deveria ter sido anulada por conta do toque de Matheus Henrique com o braço na bola.