Depois de ter 10 jogadores diagnosticados com coronavírus, o Goiás se viu impedido de estrear no Brasileirão neste domingo (9), contra o São Paulo. Mas a decisão foi imersa em uma grande polêmica, já que as duas equipes estavam no gramado do Estádio da Serrinha, em Goiânia, quando a CBF finalmente decidiu adiar a partida.
Nesta segunda-feira, Marcelo Almeida, presidente do clube goiano, concedeu entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, e criticou o protocolo elaborado pela CBF.
— A CBF está certa, pensou corretamente, mas, na prática, não deu certo — disse ele — A partir do momento em que o Campeonato Brasileiro começou, foi instituído um novo protocolo, onde existiria um laboratório central que tomaria conta de todos os exames. Eu diria que os problemas começaram aí, porque vivemos em um país continental e são muitos clubes envolvidos, viagens longas e logística. E o grande problema foi este, a logística — sentenciou.
Segundo o dirigente, os jogadores do elenco foram submetidos a exames ainda na quinta-feira, mas "houve um equívoco no acondicionamento do material coletado" e, por isso, o elenco teve de ser submetido a novos testes no dia seguinte. O resultado, porém, só foi divulgado no domingo pela manhã, quando todos os atletas já estavam concentrados em um hotel. Diante deste cenário, o próprio Goiás ingressou com um pedido no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), exigindo a suspensão da partida.
— Lamento muito. Sinto que o Goiás foi o grande prejudicado desta história. Era jogo de TV aberta, era a inauguração do nosso estádio. Tivemos um grande prejuízo que será difícil correr atrás — comentou Marcelo Almeida.
A preocupação do clube, a partir de agora, é com a continuidade da competição. Além de não ter uma nova data para o confronto com o São Paulo, o Goiás teria de entrar em campo já na próxima quarta (12), quando visitará o Athletico-PR, pela segunda rodada. E, como o protocolo sanitário imposto pela CBF exige que os atletas positivados teriam de respeitar uma quarentena, deixando até mesmo de participar dos treinamentos, o time só voltaria a contar com o elenco completo após a terceira rodada.
— Aqueles que testaram positivo estão fora, mas eu posso ficar sem mais (jogadores), porque ontem (domingo) foi feito uma testagem nos outros. E se derem mais positivos? Talvez eu não tenha time para jogar. Vamos colocar time sub-15, sub-17? — questionou — Vai começar a haver um desequilíbrio desportivo, porque vamos participar de dois jogos com elenco reduzido. E aí vai começar a haver uma perda técnica e um desnivelamento. A gente começa a questionar a qualidade técnica do campeonato. Talvez tenha que entrevistar um presidente por semana, mas já adianto aqui que vocês vão ouvir opiniões divergentes porque a questão do covid, no Brasil, virou política — concluiu.
Sem nenhuma nova orientação da CBF, o presidente do Goiás afirma que a equipe continuará trabalhando para entrar em campo, mas não descarta que outros casos aconteçam no decorrer das rodadas, o que pode inviabilizar a disputa do Brasileirão.
— E se começar a acontecer com outros clubes? Vai embolar o meio-campo. Nenhum clube está imune. Questionaram os cuidados que o Goiás estaria tendo com seus atletas e eu quero sair em defesa. Temos um protocolo mais rígido que o imposto pela CBF. Os jogadores treinam, saem suados, entram nos seus carros e vão para a casa. Eles não têm contato com a rouparia, mas dentro de campo eles têm contato. Não tem como. Ou seja, nós estamos na chuva e vamos nos molhar — finalizou.