Alan Ruschel está vivendo um novo momento na sua carreira. Após toda história que tem na Chapecoense, o atleta se juntou ao grupo do Goiás para a disputa do segundo turno do Campeonato Brasileiro. Além da competição nacional, o lateral-esquerdo também está disputando a Copa Verde pelo clube esmeraldino.
Grato pela oportunidade de ter um novo lugar para recomeçar a sua carreira, o gaúcho de Nova Hartz demonstrou gratidão ao técnico Ney Franco, que pediu a sua contratação.
— O Goiás é um grande clube do futebol brasileiro. A ligação do Ney para que eu viesse para cá foi fundamental para que a negociação acontecesse. Pude ajudar ele quando comandou a Chapecoense. Eu também queria mudar de ares, como eu falei em outras oportunidades, que eu não preciso provar nada. Mas eu quero mostrar que o Alan Ruschel não é mais só a vítima ou o sobrevivente. Eu sou um atleta que conseguiu voltar a atuar em um alto rendimento novamente e é isso que eu quero fazer — comentou.
Sobre a sua adaptação ao clube goiano, Ruschel comentou que o fato de conhecer o técnico da equipe facilitou as coisas. Principalmente porque foi com Ney Franco, na Chapecoense, que ele teve uma maior sequência de jogo, desde a tragédia ocorrida em novembro de 2016.
— Esse ano foi o que eu mais joguei, desde o acidente. O Ney foi o técnico que mais me escalou, depois que ele saiu eu não tive muitas oportunidades. Acredito que ele era a pessoa certa para me trazer para o Goiás. Me vejo no meu melhor momento, pós-acidente, fisicamente, tecnicamente e mentalmente para sair de Chapecó. Foi isso que pesou para a minha escolha de deixar o clube. Quero que as pessoas tenha uma nova visão sobre mim. Quero retomar o meu futebol. E quero conseguir, de fato, voltar ao meu melhor nível — ressaltou.
Mudança de ares
Além de buscar um recomeço, Alan Ruschel também falou dos fatores que fizeram com que ele deixasse Chapecó e rumasse para Goiânia. Segundo ele, a falta de oportunidades e minutos em campo foram fundamentais para que ele buscasse novos ares.
— Eu acho que foi mais pela minha visão de atleta. Estava sendo pouco utilizado pela Chapecoense. E, querendo ou não, algumas pessoas que estão no clube, de repente não me viam mais como uma peça fundamental para o futebol. Então era o momento de eu sair. Eu sei que a Chapecoense, como está no oeste de Santa de Catarina, longe da vitrine, muitos ainda me veem como o sobrevivente e não como atleta. Eu já estou jogando. Já joguei competições como Libertadores, Copa Sul-Americana, Copa do Brasil e Brasileirão depois da tragédia —reafirmou.
O lateral-esquerdo também falou sobre o fato dele e da Chapecoense ainda serem tratados de forma diferente por outros clubes do futebol nacional, desde a tragédia. De acordo com ele, no Brasil, isso já é passado. Apesar de ter a noção de que ao redor do mundo o clube é conhecido pelo acidente que vitimou 71 pessoas, entre jogadores, profissionais de imprensa e tripulação:
— Acredito que não no elenco em geral. Mas sim, Follmann, Neto e eu. Ninguém vai apagar a nossa história lá dentro. Ninguém conseguirá destruir a história que temos no clube. Infelizmente, a Chapecoense é conhecida no mundo inteiro hoje, devido a tragédia. Mas não vejo que no Brasil o clube seja tratado como piedade. Não existe mais isso. Acredito que foi uma coisa mais minha. Claro que eu tenho uma história bonita lá dentro, mas eu queria que as pessoas passassem a me olhar mais como o atleta.
A despedida da cidade de Chapecó foi um dos momentos mais difíceis contou o atleta. Segundo ele, muitas pessoas que o encontraram antes de sua saída da equipe pediram para que ele permanecesse na cidade, devido à ligação entre ele, a comunidade e o clube.
— Esse carinho que o povo da cidade tem por mim é excepcional. Foi um dos motivos que tornou muito difícil a minha saída de lá. Muitos pedem minha volta e falam que não conseguem ver o clube sem mim. Mas todos me desejaram muita força e sorte para que eu consiga trilhar um caminho de vitórias importantes pelo Goiás — recordou.
Alan Ruschel fez sua estreia pelo Goiás na derrota para o Palmeiras, por 2 a 1, no Serra Dourada. A sua segunda partida pelo clube goiano aconteceu na última quarta-feira (11), novamente em casa, contra a Luverdense, pelas quartas de final da Copa Verde. Para o duelo contra o Grêmio, o atleta deve ser, novamente, utilizado por Ney Franco, na equipe titular.