O VAR não acabou com os erros de arbitragem no Brasileirão, mas chegou perto nas primeiras nove rodadas. De acordo com dados enviados pela CBF a GaúchaZH, o uso do recurso eletrônico elevou o nível de acerto para 97,1% em lances capitais. Sem o árbitro de vídeo, o percentual seria de 73,8%.
A maior incidência está nas penalidades. Se não fosse o auxílio das imagens, árbitros teriam deixado de marcar 11 pênaltis. Além disso, teriam apitado outros seis de forma equivocada. Esses 17 lances com a ajuda do VAR fizeram com que os árbitros tivessem um índice de 91,4% de acerto em pênaltis. Do contrário, o percentual seria quase a metade: 57,4%. Outro aspecto importante está nos impedimentos: 11 gols legais teriam sido anulados. Outros três gols irregulares teriam sido validados se o VAR não estivesse em ação.
Apesar de todos os erros capitais corrigidos, o chefe de arbitragem da CBF, Leonardo Gaciba, sabe que ainda há aspectos que precisam ser aprimorados no uso do VAR para a sequência do Brasileirão. Por isso, a parada para a realização da Copa América está sendo de trabalho para a arbitragem.
— Uma certeza eu tenho. O VAR está trazendo mais justiça para o futebol. São 42 decisões corrigidas em 89 jogos. Foram cinco erros capitais por rodada, em média. Ainda temos de evoluir na agilidade. Agora, falando tecnicamente, não consigo enxergar a arbitragem brasileira no futuro sem o VAR — afirmou Gaciba.
Sobre o tempo desperdiçado na checagem, o ex-árbitro garantiu que média no Brasileirão está em 1min50seg. Para efeitos de comparação: na primeira fase da Copa América, foram 2min38seg, enquanto nos Estaduais, as partidas tiveram média de 6min.
Árbitros e assistentes estão reunidos em Águas de Lindoia (SP), onde participam de curso promovido pela CBF para aperfeiçoar o trabalho em relação ao VAR. O período de treinamento, que teve início em 24 de junho e se encerra na terça-feira (9), está servindo para passar a limpo tudo o que ocorreu nas nove primeiras rodadas em relação aos momentos de interferência do vídeo.
O principal ponto de debate de Gaciba é o critério de interferência do VAR. O objetivo é elevar a régua para que o recurso entre em ação para evitar erros claros. Lances duvidosos ou que remetem a uma divisão de opiniões devem respeitar a interpretação tomada pelo juiz dentro de campo.
Esse aspecto não entra para as estatísticas, mas se configura no maior desafio da CBF. Mais do que buscar solucionar os 2,9% de erros que não foram corrigidos nas primeiras rodadas, a entidade precisa trabalhar para que os árbitros e público tenham entendimento mais claro de quando o VAR deve ou não ser acionado.