Motivação pode ganhar jogo, mas não ganha campeonato. Campeonato se ganha com time, grupo e estratégia. Vem aí o Gre-Nal e, mais do que nunca, a combinação dos três fatores é que vai ser decisiva para determinar o vitorioso, embora no clássico gaúcho a motivação tenha enorme peso - para os dois lados.
Time por time, os dois têm lá suas limitações, mas o Grêmio parece mais ajustado: a posição na tabela está aí para comprovar. O elenco do Inter oferece mais opções, embora os desfalques previstos de Aránguiz e, talvez, de Geferson. A ausência de Nilmar já nem conta. Mais opções significam mais possibilidades de decidir o jogo com alguma peça de reposição. Já o Tricolor ainda vai ter de apostar em Edinho para suprir a importante ausência de Walace. Em compensação, terá a volta de Grohe, antes que Tiago leve os gremistas à loucura com suas bisonhices nas saídas de gol.
Vamos então para a estratégia, o esquema de jogo, as artimanhas que poderão surpreender, a jogada ensaiada e treinada secretamente, mistérios de escalação para deixar o adversário desnorteado. Enfim, a hora da verdade, o jogo jogado, a bola rolando. O Diego Aguirre era mais experiente do que o Roger, mas errou tanto que acabou demitido, colocando o jovem e estudioso técnico gremista em ligeira vantagem diante de um interino. Nesse caso, a estratégia da direção colorada é arriscadíssima em semana de clássico e fica a dúvida sobre como reagirá o time sem um treinador empoderado na casamata. Mas vale lembrar que Roger foi bem sucedido como interino no Grêmio, inclusive com vitória em Gre-Nal. Ou seja...
Tem ainda o fator local, a Arena estará cheia de fervor gremista, a empurrar o dono da casa. Ainda assim, mesmo que o quadro do momento seja mais favorável para o Grêmio, não me arrisco a considerá-lo favorito para o clássico. O Gre-Nal tem se prestado para, como se diz no popular, "arrumar a casa". Ou, como agora, para definir "o menos pior", expressão que tomei a liberdade de roubartilhar de uma crônica do Diogo Olivier.
Isso posto, agora um momento confessional: depois de mais de 30 anos atuando no jornalismo esportivo em rádio, TV e jornal, cuidando para que meu gremismo não aflorasse, fiquei vacinado diante das disputas envolvendo nossos dois principais clubes. Faço minhas provocações nas redes sociais, mas quem me conhece sabe que é só pelo espírito provocador, pois já me flagrei torcendo pelos vermelhos, discretamente é verdade, em competições nacionais e internacionais. Porém, esse meu lado harmonioso não vale para o Gre-Nal: no domingo, cheio de motivação, sou só Imortal. E se nada der certo, já tenho a saída pronta. Vou postar no Face: "Grenal é o ópio do povo".