A vontade de muitos fãs e especialistas em Fórmula 1 é de que, a partir da largada do Grande Prêmio do Bahrein, prevista para as 12h de sábado (2), a temporada mais longa da história da categoria passe tão rápido quanto um carro da F1 no retão. Tudo para que as cenas dos próximos capítulos – ou temporadas – cheguem logo. Porém, mesmo existindo motivos substanciais para esse desejo, muito deve acontecer nos quilômetros a serem percorridos nas 24 etapas deste ano — com direito a seis corridas sprints.
O futuro de Hamilton
A ansiedade por 2025 gira em torno da ida de Lewis Hamilton para a Ferrari no ano que vem, mas que reverberam desde a primeira largada do ano. O britânico da Mercedes chacoalhou o circo da F1 ao anunciar sua ida à equipe italiana. A decisão abre uma série de dúvidas de como será a temporada da equipe alemã.
Até que ponto serão divididas informações sobre o carro com o heptacampeão? Até que ponto ele terá acesso ao desenvolvimento do modelo do próximo ano? George Russel ganhará protagonismo desde a primeira curva da temporada? O que Toto Wolff, chefe da equipe, fará para substituir Hamilton?
Aos 17 anos, Andrea Kimi Antonelli surge como uma possibilidade arriscada, mas uma boa temporada na Fórmula 2 neste ano pode ajudá-lo a convencer Wolff de que merece um cockpit no ano que vem. Fernando Alonso, Alexander Albon e Carlos Sainz — que perdeu a vaga para o britânico — surgem como alternativas mais rodadas.
— O interessante desse último ano dele na Mercedes é ver o quanto a equipe vai dar de informação para ele, principalmente a partir da metade final da temporada, quando começam a trabalhar no carro do próximo ano. Eles não vão querer que o Hamilton leve segredos para a Ferrari — diz Julianne Cerasoli, colunista de F1 no UOL, que vai para sua 14ª temporada cobrindo in loco a categoria.
Polêmicas não devem afetar a Red Bull
Outro assunto que agitou os bastidores caiu na caixa de spam. No período de férias, a equipe Andretti teve negada sua entrada na categoria em 2025. Entre as justificativas, foi argumentado que o time não respondeu a um convite para uma reunião presencial. A equipe de TI da escuderia americana descobriu que o e-mail foi considerado spam por não ter sido enviado por Stefano Domenicali, CEO da Fórmula 1.
Após um ano de domínio da Red Bull e sem mudança significativa no regulamento técnico, há pouca margem para que Max Verstappen seja destronado. Os testes de pré-temporada corroboram o que era provável. No mesmo período, uma investigação interna — por conduta inapropriada — envolvendo o chefe de equipe, Christian Horner, movimentou os bastidores. No fim, ele seguiu no cargo que vem exercendo desde a chegada da escuderia na F1, em 2005, e busca o sétimo título de construtores.
— A Red Bull fez mudanças no carro deles, sabendo que todos iam copiar o projeto. Eles foram um passo adiante, fizeram um carro diferente e pelo que a gente viu nos testes essa direção funcionou. O que eles mudaram no carro não dá para copiar durante a temporada, porque tem ligação com a parte mecânica interna do carro. Verstappen se entendeu muito bem com esse carro, melhor que o seu companheiro Sergio Pérez, que tem o mesmo carro que ele, e na teoria seria o único que poderia competir — analisa Julianne.
Após a pré-temporada ser realizada, o discurso de pilotos e dirigentes das outras equipes foi parecido e favorável à Red Bull Racing.
— O conceito que eles apresentaram neste ano é uma surpresa. No momento, temos que observá-los e vermos como eles se saem. Acho que os 19 pilotos do paddock já sabem que não serão campeões em 2024 — afirmou o bicampeão mundial Fernando Alonso, que defende a Aston Martin.
Mais recordes para Verstappen correr atrás
O holandês vai em busca do tetracampeonato da F1, podendo igualar os feitos de Alain Prost e Sebastian Vettel. Dessa forma, Verstappen estaria entre os maiores vencedores da história da categoria, atrás apenas de Michael Schumacher e Lewis Hamilton, com sete, e Juan Manuel Fangio, com cinco conquistas.
Em questão de corridas vencidas, o holandês já é o terceiro na lista, com 54 no total. Ele não mudará de posição em 2024, mas pode se aproximar dos dois primeiros: Hamilton (103) e Schumacher (91).
Outro recorde que Verstappen pode quebrar, mas que pertence a ele mesmo, é o de mais triunfos em uma mesma temporada. Em 2023, ele venceu 19 de 22 provas. Neste ano, com 24 corridas previstas, o holandês tem a chance de superar essa marca mais uma vez, mesmo que o equilíbrio seja maior
— Vejo ele muito confiante, mas não acho que sobre como no ano passado. As equipes podem espremer um pouco mais ele, principalmente em classificação, mas acho muito difícil ele perder esse campeonato — explicou o piloto e comentarista de F1 na Band, Felipe Giaffone.
Quem pode surpreender?
Além do domínio de Verstappen, outro fator faz parecer que a Fórmula 1 está estagnada. Pela primeira vez em mais de 70 anos de histórias, o grid de largada contará exatamente com os mesmos pilotos da temporada anterior. Ainda assim, quando as luzes verdes se apagarem, a adrenalina sobe e tudo pode acontecer.
Ainda mais que há uma lista com mais de dez nomes em fim de contrato, com possibilidade de alguns saírem da categoria, para dar espaço a novos talentos a partir de 2025. Essa necessidade de bons resultados para garantir um novo acordo na F1, pode fazer com que as corridas tenham mais emoção.
— Não consigo ver nenhuma equipe ou piloto como surpresa. Mas é bom ficar de olho no Oscar Piastri, porque ele deve crescer ainda mais na categoria. As surpresas que teremos será no mercado de pilotos. A movimentação do Hamilton movimentou bastante isso — explica Julianne.
As principais mudanças da F1 em 2024
- Asa móvel: será liberada após a primeira volta ser completada. Até o ano passado, a liberação ocorria a partir do segundo giro.
- Revisão: as equipes terão 96 horas para questionar decisões dos comissários. O período era de 14 dias até o ano passado.
- Multas: estarão mais salgadas. A mais alta poderá chegar a 1 milhão de Euros (R$ 5,4 milhões).
- Nomes de equipes: AlphaTauri passa a se chamar Visa Cash App RB F1 Team (Racing Bulls), enquanto a Alfa Romeo deixa a F1, e a equipe se chamará Stake F1 Team Kick Sauber.