O ex-piloto Wilson Fittipaldi Júnior, o Wilsinho, que morreu nesta sexta-feira (23), já brilhou nas ruas de Porto Alegre. Ele e o irmão Emerson Fittipaldi conquistaram a tradicional prova de 12 Horas no circuito dos bairros Cavalhada e Vila Nova. A corrida ocorreu em 21 e 22 de dezembro de 1968. Sob orientação do pai, Wilson Fittipaldi, a jovem dupla conduziu o Fusca de número sete.
Wilsinho estava com 25 anos e Emerson, 22 anos. Depois da vitória em Porto Alegre, o pai dos dois disse à reportagem de Zero Hora que era um Fusca comum, sem qualquer preparo fora do previsto em regulamento. Ele explicou que desmontava o carro depois da prova e o segredo era um "kit de fabricação da família". Nas retas, o Volkswagen atingia 150 km/h.
Os pilotos reclamaram do asfalto esburacado em todo o trajeto. Outro risco era a travessia de pedestres, que não se importavam com o risco de atropelamento. Junto com a chuva, eram desafios para os pilotos.
A corrida foi marcada por uma tragédia. Um Fusca, número 40, saiu da pista e atingiu o público. Morreram três pessoas e outras três ficaram feridas. Revoltados, espectadores tentaram colocar fogo no veículo. Mesmo com o acidente, a prova não parou, atrasando o socorro médico aos feridos e a remoção dos mortos. A ambulância chegou 45 minutos depois. Mais cinco minutos foram necessários para o médico conseguir atravessar a rua.
Depois da tragédia do final de 1968, o coronel Jaime Mariath, secretário estadual da Segurança, proibiu provas de automóveis em ruas de todo o Rio Grande do Sul. Mesmo com 350 policiais mobilizados no evento, ele justificou que os acidentes eram causados pela "falta de conscientização do povo e as imprudências". Muitas pessoas atravessavam as ruas mesmo com carros em alta velocidade. As próximas provas seriam no Autódromo Internacional de Tarumã, em Viamão, inaugurado em novembro de 1970.
Wilsinho Fittipaldi
Wilson Fittipaldi Júnior, aos 80 anos, morreu vítima de complicações por conta de uma parada cardíaca sofrida no final de 2023, após se engasgar com pedaço de carne. Wilsinho também correu na F1, disputando 38 grandes prêmios entre 1972 e 1975. O melhor resultado foi um quinto lugar no GP da Alemanha, em 1973. Ele também se dedicou ao projeto da Copersucar-Fittipaldi, escuderia fundada pela família.
Ele deixa a esposa Rita Reis e teve como único filho Christian Fittipaldi, que também foi piloto da F1 e atualmente trabalha como comentarista de automobilismo.