Se um dia as vagas em Relações Internacionais (RI) eram desejadas principalmente por quem gostaria de seguir carreira na diplomacia, hoje esse mercado é mais variado. Agências governamentais, multinacionais e ONGs buscam profissionais capazes de analisar a conjuntura internacional para expandir suas relações com outros países.
A formação do profissional de RI é generalista, envolvendo diversos conteúdos, mas não se trata de um ponto negativo. Pelo contrário, torna os estudantes multifuncionais, capazes de atuar em diversas áreas.
Nos primeiros quatro semestres, principalmente, a exigência é de muito foco na teoria. Dentre os principais temas estão política, direito e economia. Mas também há espaço para sociologia, geografia e história. É comum haver centenas de páginas para ler de uma semana para outra em cada disciplina, mas os conteúdos acabam sendo aproveitados entre os semestres.
É fundamental o domínio de línguas estrangeiras. O inglês é considerado indispensável para a carreira. Espanhol e francês são também necessários para quem quer ser diplomata.
O curso tem duração de oito semestres, e do 5º em diante os alunos costumam se focar mais nas disciplinas eletivas. É também quando os conteúdos estudados passam a requerer mais apresentações e discussões entre os alunos - e se tornam comuns as simulações de negociações políticas e estudos de caso.
Acontecem exercícios em que os alunos "adotam" um país e têm de defendê-lo perante os colegas, exercitando, assim, seus conhecimentos sobre economia e política externas, além de aspectos sociais e culturais.
Intercâmbio
O aluno de Relações Internacionais costuma ter uma predileção por estudar em outros países. A disputa por bolsas e estágios tende a ser acirrada e não raro multinacionais têm os alunos do curso como alvo. O intercâmbio é uma das oportunidades que mais atrai.
Papo com Veterano
Em 2014, ZH levou dois aspirantes à faculdade de Relações Internacionais da UFRGS para uma conversa com quem já estuda lá. O resultado? Muitas dúvidas, mas uma certeza: é ali que eles querem chegar.
Os convidados foram Felipe Augusto Heiermann, 18 anos, e Isadora Picarelli, 19, vestibulandos ainda indecisos sobre qual caminho seguir. Eles foram guiados pela veterana Júlia Rosa, estudante do 5º semestre ávida por explicar os detalhes de um dos cursos mais procurados no último vestibular, quando 12 candidatos disputaram cada vaga.
Aquilo que mais intrigava os futuros bixos era, claro, o mercado de trabalho para o profissional de RI. Júlia explicou que a carreira ainda não é regulamentada no Brasil - o que, se impede que haja um piso para a categoria, também abre muitas oportunidades. Afinal, todo governo e grande parte das empresas buscou expandir suas relações para além das fronteiras nacionais. E a área de atuação vai muito além da diplomacia.
- Sempre tem concurso, porque um país sempre precisa de profissionais para se relacionar com outros. E tem ainda a diplomacia, muitas ONGs e a área acadêmica, além da iniciativa privada. Eu, por exemplo, quero trabalhar na ONU - disse a veterana.
Júlia contou que o curso é marcado por muita leitura e foco nas lições de economia e política. Durante a formação, há bastante trabalho em grupo - para exercer a integração entre equipes e noções de liderança. Nada que assuste os vestibulandos. Felipe, decidido, logo garante que fez sua escolha: vai seguir o curso e pretende ser diplomata. Isadora, mais titubeante, impressiona-se ao saber que organizações como a ONU visitam as faculdades (inclusive a UFRGS) para apresentar possibilidades de emprego.
A veterana disse que o Brasil é bem visado pelas Nações Unidas, que ainda tem poucos trabalhadores do país. Além disso, a criação de novas turmas e cursos nas universidades tem impulsionado as oportunidades para os profissionais da área.