Aprovada para Design Gráfico no UniRitter, a porto-alegrense Marina Jacques Vieira também cultiva um gosto especial por cinema.
A estudante de 18 anos até passou na seleção para o curso de Produção Audiovisual - Cinema e Vídeo da PUCRS, no último vestibular de verão, mas não se matriculou. Sua prioridade era fazer Cinema e Audiovisual na Universidade Federal Fluminense (UFF), onde o ingresso é via Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Contudo, não tinha a pontuação necessária:
- Tenho parentes no Rio, então seria fácil me mudar para lá. Gosto muito de cinema e não descarto a possibilidade de continuar tentando uma vaga. Porém, gostaria de saber mais sobre o dia a dia da profissão.
Para ajudar Marina - e outros vestibulandos com interesse pela área -, o caderno Vestibular promoveu um encontro com a produtora audiovisual e coordenadora do curso de Cinema da PUCRS, Aleteia Selonk.
OS PRINCIPAIS PONTOS DA CONVERSA
Mudar de ideia durante o curso
Em geral, os estudantes procuram um curso de Cinema pensando em se tornarem diretores. Contudo, segundo Aleteia, é muito comum que mudem de ideia durante a graduação.
- É um curso de muitas descobertas. Os alunos chegam dizendo que gostam muito de cinema e de TV, imaginando o que faz um diretor. Mas, ao longo dos semestres, adquirem uma noção exata da rotina profissional. A maioria pensa como consumidor de produtos audiovisuais. Além disso, acabam se encantando por outras áreas também. É na faculdade que se descobre a importância de outras funções, como continuísta, produtor executivo etc.
Aleteia ainda destaca a importância de o profissional saber desempenhar diferentes funções:
- No mercado audiovisual, não tem essa coisa de " sou fotógrafo, só faço fotografia". Tem de conhecer todo o processo de produção e atuar em qualquer área.
Estabilidade no mercado
Questionamento quase obrigatório para pais quando os filhos não escolhem uma carreira tradicional, a frase " isso não dá dinheiro" já passou inúmeras vezes pelos ouvidos de Marina. Daí, a dúvida: o que o profissional precisa para se estabilizar no mercado? A professora argumenta que a estabilidade deriva de um bom gerenciamento da carreira.
Conforme Aleteia, a produção audiovisual no Brasil cresceu com o aquecimento da economia:
- O mercado de engenharia, por exemplo, tem décadas de tradição. O nosso mercado se fundamentou em uma nova ética, com funcionamento particular, organizada de acordo com essa nova estrutura de economia.
É um mercado baseado em contratações autônomas. Você pode ser uma empresa prestadora de serviços. Para quem tem uma ideia de estrutura tradicional, isso parece instabilidade. Se eu quisesse montar uma equipe para a semana que vem, não conseguiria, porque todo mundo está empregado.
Por outro lado, Aleteia acredita que o aquecimento da economia ainda precisa representar uma valorização maior à produção audiovisual, garantindo maior lucratividade.
A rotina de trabalho
Além das aulas na PUCRS, Aleteia trabalha na produtora que criou em 2006, a Okna Produções. Na empresa, ela elabora e executa projetos de produtos audiovisuais, como filmes, curtas, animações e documentários.
- Recebemos propostas de tudo quanto é tipo. Essa convivência diversificada é interessante. Acho que o ideal é ter o catálogo mais variado possível - conta.
As impressões de Marina
"O encontro com a Aleteia Selonk foi extremamente interessante. Sempre tive bastante dúvida sobre qual curso de graduação deveria fazer. Entretanto, Cinema e Audiovisual sempre me chamou a atenção, e a conversa com a professora foi bastante motivadora, fazendo minha vontade de estudar cinema futuramente aumentar ainda mais.
Até então, eu havia tido pouco contato com profissionais da área de produção audiovisual. Sempre quis ver mais de perto como é o dia a dia desses profissionais.
Uma das minhas maiores dúvidas era em relação à demanda do mercado de trabalho.
Então, a Aleteia me ensinou que o profissional do cinema e audiovisual pode ter uma carreira maravilhosa em funções que não são muito conhecidas, e não menos importantes que as demais, como um continuísta, responsável por manter a harmonia e a coerência entre as cenas de um filme, novela, programa.
Recomendo a todos que, sempre que houver uma oportunidade, conversem com um profissional das áreas e carreiras que mais lhes agradam, pois as palavras de alguém experiente sempre nos abrirão novos horizontes."
ONDE ESTUDAR NO RS
De acordo com o Ministério da Educação, o Rio Grande do Sul, cinco universidades oferecem cursos voltados para a área, entre bacharelados e tecnológicos. Segundo o diretor do curso de bacharelado da Unisinos, a diferença deste em relação ao tecnológico está na maior formação teórica e a possibilidade de o bacharel se inserir em um mercado de trabalho mais amplo.
- No curso de bacharelado, que dura quatro anos, o aluno tem uma carga horária muito maior e diversificada. Ele entra em contato com disciplinas que envolvem direção de arte, som e animação, o que muitas vezes o curso tecnológico não oferece. O bacharelado não forma somente diretores e produtores, mas também diretores de fotografia, de arte e profissionais de animação e sonorização.
Confira onde estudar Produção Audiovisual:
- UFPEL: CINEMA E AUDIOVISUAL (Bacharelado)
- UNISINOS: COMUNICAÇÃO SOCIAL - AUDIOVISUAL (Bacharelado)
- UNISC: COMUNICAÇÃO SOCIAL -RADIALISMO - PRODUÇÃO EM MÍDIA AUDIOVISUAL (Bacharelado)
- PUCRS: PRODUÇÃO AUDIOVISUAL (Tecnológico)
- ULBRA: PRODUÇÃO AUDIOVISUAL (Tecnológico)