Com a revelação dos municípios que serão contemplados pelo plano de expansão dos institutos federais (IFs), do governo federal, as prefeituras do interior do Rio Grande do Sul estão se preparando para realizar investimentos e implementar mudanças. Haverá cinco novos campi no Estado – em Caçapava do Sul, Gramado, Porto Alegre, São Leopoldo e São Luiz Gonzaga. Foi divulgada, nesta terça-feira (12), a lista das cem cidades brasileiras.
Fora a Capital, os demais municípios gaúchos escolhidos não contam ainda com IFs próprios. As cidades celebraram o anúncio como uma importante conquista, não somente para a educação, mas para o desenvolvimento econômico das regiões em que estão inseridos.
A unidade que será inaugurada em São Luiz Gonzaga, por exemplo, poderá trazer avanços não apenas para o município, mas para a região das Missões como um todo, conforme o prefeito Sidney Brondani, especialmente pela educação profissional, promovida pelos institutos.
— A médio prazo, quando saírem os primeiros formandos dos cursos, teremos mais profissionais para áreas técnicas que hoje têm deficiência na região. Faltam profissionais para atuar na indústria de esmagamento de soja, em frigoríficos, na indústria do trigo, na metalurgia. São áreas importantes e poderemos suprir essas carências, além de termos maior movimento na cidade, fazendo girar o comércio local e os serviços. O instituto vai beneficiar toda a região — diz o prefeito.
De acordo com Brondani, até 2026, São Luiz Gonzaga receberá um campus do Instituto Federal Farroupilha (IFFar), com gestão da reitoria de Santa Maria. Será o primeiro instituto federal do município que, atualmente, conta somente com um curso técnico em Agropecuária. Segundo o prefeito, será aproveitado o prédio onde fica o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), no centro da cidade.
Como o edifício tem vasta área ociosa, a prefeitura pretende fazer a adequação de espaços para receber os alunos, com recursos da gestão municipal. O projeto, elaborado pela prefeitura de São Luiz e gestores de cidades vizinhas, já foi aprovado pelo Ministério da Previdência Social e pelo IFFar. Com as obras, a expectativa da prefeitura é atender a pelo menos 800 estudantes, inicialmente.
O mesmo vale para Caçapava do Sul, que também terá, como seu primeiro instituto, uma unidade do IFFar. A ideia é que as unidades tenham 70 docentes, 45 técnicos-administrativos em educação e 1.400 matrículas. Atualmente, o IFFar tem 11,1 mil alunos no RS, em 11 campi.
— Entendemos como sendo uma grande conquista para as duas cidades e respectivas regiões, e também para o IFFar, como parte de um grande investimento do governo federal para ampliação da oferta da educação profissional, contribuindo para o fortalecimento dos arranjos produtivos locais e da educação como bem público. Ainda, nossa expectativa é de que novas unidades possam ser criadas em comunidades ainda não atendidas — afirma o pró-reitor de Desenvolvimento Institucional do IFFar, Carlos Lehn.
Para o prefeito de Caçapava do Sul, Giovani Amestoy, será fundamental ter um instituto federal na região para suprir carências em diversas áreas, como cursos de formação de professores, ciências rurais e formações voltadas à tecnologia.
— Temos o entendimento de que podemos transformar os municípios da região através da educação. Jovens de Caçapava, Lavras, São Sepé, Santana da Boa Vista e diversas outras cidades poderão vir estudar em um local próximo de casa, fazer um curso superior, cursos profissionalizantes. Isso é muito importante — destaca o prefeito.
O município pretende doar um terreno para construir o prédio da instituição. Segundo o prefeito, o campus será construído em uma zona carente, na região sul da cidade. Enquanto acontecem as obras, a prefeitura pretende implantar o novo IFFar em uma escola de Ensino Fundamental já existente, que pertence ao município de Caçapava e tem espaços ociosos. O plano é iniciar os cursos e receber os alunos a partir de março de 2025. A mesma escola cedeu espaços durante a implantação da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) na cidade.
Já em São Leopoldo, provavelmente, a unidade a ser inaugurada será um Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense (IFSul). Conforme a instituição, a distribuição dos campi entre os institutos ainda não foi confirmada pelo Ministério da Educação (MEC), e será definida nas próximas semanas. Mas, pelo histórico de parceria com o município, o IFSul espera ser a instituição responsável pela implantação.
— O impacto da implantação de um campus do instituto tem mostrado que contribuímos significativamente com o desenvolvimento local e regional, no aspecto educacional, econômico e inclusivo, por exemplo, ofertando uma educação profissional pública, de qualidade, gratuita, inclusiva e referenciada pela sociedade — diz o reitor do IFSul, Flávio Nunes.
Conforme a instituição, o investimentos em infraestrutura poderá chegar a R$ 25 milhões, em obras e equipamentos ao longo da implantação. Quanto aos salários e manutenção do novo campus, o valor pode cercar os R$ 20 milhões por ano. Segundo o prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi, o município vinha lutando por essa escola técnica desde 2011. A cidade conta com uma extensão do IFSul no Centro de Eventos, onde são ministrados alguns cursos.
— São Leopoldo tem duas áreas significativas do ponto de vista econômico, que é o polo metal mecânico, que vem crescendo muito nos últimos anos, e o parque tecnológico de informática, que também vem crescendo. Essas duas estruturas econômicas vêm exigindo qualificação dos profissionais nessas áreas. Então, nós fomos buscar a escola técnica, porque ela vai fornecer uma ampliação de oportunidades para os nossos jovens que saem da Educação Básica. Então, essa foi uma grande vitória para a cidade, para garantir mão de obra qualificada — afirma Vanazzi.
Serra e Região Metropolitana
Em Gramado e em Porto Alegre, provavelmente, serão inauguradas unidades do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), que já tem atuação nas regiões. Para o reitor do IFRS, Júlio Heck, o novo instituto em Gramado será fundamental para complementar a formação na região das Hortênsias.
— Gramado é uma cidade pujante, reconhecida mundialmente pelo turismo, com potencial de receber muitos visitantes. Fomos procurados muitas vezes pelo município para ofertar educação profissional lá, e o governo federal entende que precisamos qualificar os profissionais para que eles possam prestar melhores serviços. O IFRS tem muito a ofertar para a região, já temos atuação na Serra Gaúcha e sabemos que há ampla demanda por formação técnica — diz o reitor.
A curto prazo, a prefeitura pretende implantar o IFRS em uma escola estadual já existente, e está em tratativas com o Ministério da Educação (MEC) para definir os próximos passos. Mas será construído para abrigar os alunos um prédio em terreno de até cinco hectares, cedido pelo município, segundo o Secretário de Inovação e Desenvolvimento Econômico, Ike Koetz. As obras ficam a cargo do governo federal.
— Na região, o instituto federal mais próximo é o de Rolante, mas fica a 65 quilômetros daqui, e tem cursos voltados para o agro, que não atende às características de Gramado. Vamos discutir com entidades e com a população, mas nossa vocação é turística. Queremos trazer para o IFRS cursos ligados ao turismo, serviços, economia criativa, isso precisa ser incentivado. E também a área da tecnologia, porque precisamos pensar em diversificação da matriz — ressalta o secretário.
Para a unidade da Capital, o prefeito Sebastião Melo, por meio das suas redes sociais, agradeceu a decisão do governo federal e afirmou que o município está pronto para "contribuir com o projeto, destinando um terreno". Conforme a assessoria a prefeito, a construção deste encaminhamento se dará a partir da vinda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Estado, prevista para esta sexta-feira (15).