O ensino da língua inglesa no Brasil foi instituído pela primeira vez em decreto por D. João VI, em 1809. Ao longo dos anos, o idioma se consolidou como requisito indispensável para o desenvolvimento profissional e pessoal, ainda mais em um contexto mundial plural e globalizado.
Além do inglês, as instituições de ensino da Educação Básica têm se atentado cada vez mais à necessidade de ofertar outros idiomas. Segundo o Ministério da Educação (MEC), o Brasil conta com 1,2 mil escolas que disponibilizam educação bilíngue. Para especialistas, a inserção de uma segunda língua no currículo ainda nos anos iniciais é de suma importância.
Conexões
No entanto, não existe uma idade recomendada para iniciar o aprendizado de um novo idioma. Para Ana Beatriz da Luz Fontes, doutora em Psicologia Cognitiva, Social e Neurociência, a capacidade de se aprender outra língua está presente em qualquer momento da vida.
— O que acontece é que, quando somos mais novos, o nosso cérebro tem mais plasticidade, que é essa capacidade maior de formar novas conexões, a base do nosso aprendizado. Crianças vão ter mais facilidade porque tem mais dessa plasticidade. No entanto, adultos podem se beneficiar ao fazer o uso da língua que já conhecem para aprender essa língua nova — afirma a professora-adjunta do Departamento de Línguas Modernas da Universidade Federal de Rio Grande do Sul (UFRGS).
Crianças e jovens são expostos a todo tipo de conteúdo científico, cultural e social, incluindo a participação em fóruns digitais mundiais.
— Acreditamos que estar dentro desse universo que se organiza também em língua inglesa faz parte da educação das pessoas, da formação. Uma criança que está nos anos iniciais pode buscar informações de outras realidades, outros países, saber como outras pessoas brincam ao redor do mundo – afirmam Marcia Del Corona, professora do Curso de Letras da Unisinos, e Cristiane Schnack, professora-pesquisadora do programa de linguística aplicada na área de educação bilíngue da mesma instituição. Elas são responsáveis pelo Unisinos Education, o programa de desenvolvimento de currículo bilíngue integrado para a Educação Básica.
Conforme destaca a professora da UFRGS Ana Beatriz, o aprendizado de uma língua adicional pode influenciar no desenvolvimento de algumas habilidades cognitivas, como criatividade e flexibilidade cognitiva, que é a capacidade de buscar soluções menos óbvias para a resolução de um problema. Ou melhor, pensar em diferentes estratégias para chegar a um mesmo objetivo.
— Uma vantagem que é importante destacar é que começamos a formar esses pequenos cidadãos do mundo desde muito cedo. Aprender outro idioma e outras culturas nos permite já crescer ouvindo o outro, sabendo respeitar o diferente e ocupar um lugar que eu não ocupo — afirma.