Estudantes da Escola São Francisco, no bairro Menino Deus, em Porto Alegre, se vestiram de anjos na manhã desta sexta-feira (3) para chamar a atenção para o uso da faixa de pedestres em frente ao colégio. Carregando cartazes, três adolescentes participaram da ação no horário da chegada dos alunos, que teve a participação da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC).
Durante a iniciativa, que durou cerca de meia hora, o trio ia para a faixa de segurança com cartazes onde se lia “No trânsito, escolha a vida” e “Vem pra faixa”. Quando algum pedestre ia atravessar a rua, os “anjos” o acompanhavam, simbolizando a proteção que recebe quem faz a travessia no lugar correto. A atividade animou os pais que chegavam de carro com seus filhos, que cumprimentavam os adolescentes e até tiravam fotos.
Um dos participantes foi João Gabriel Gouveia, 16 anos. O jovem conta que todo ano a EPTC vai ao seu colégio falar sobre educação no trânsito, e diz que topou o convite por entender a importância da conscientização para comportamentos de risco de motoristas e pedestres.
— Eu acho que esse tipo de ação ajuda bastante o pessoal a ter noção de atravessar na faixa e a usar cinto de segurança, para não acontecerem mais acidentes. Muitos acidentes acontecem porque o pessoal não usa muito a faixa, e aí o trânsito fica uma bagunça, né — comenta o estudante.
O diretor da Escola São Francisco Menino Deus, Cristiano Hordejuk, relata que a instituição de ensino é parceira da EPTC desde 2016, por entender que esse tipo de parceria entre poder público, sociedade civil e escola efetivam a união prevista na própria Constituição Federal.
— É a promoção do que a gente acredita que é educar. Se a gente quer um trânsito melhor, mais saudável e uma sociedade melhor, a gente pode começar com pequenas ações que transformam de verdade — opina o diretor.
A educação para o trânsito é trabalhada na São Francisco desde os primeiros anos de formação das crianças. A proposta pedagógica inicia dentro da sala de aula, trabalhando a teoria e, a partir dela, são concretizadas ações externas. No entendimento de Hordejuk, o altruísmo já existe dentro dos alunos – cabe às escolas regar essa sementinha, para que se crie uma árvore saudável.
Secretário de Mobilidade Urbana de Porto Alegre, Adão de Castro Júnior foi conferir a ação de volta às aulas e defendeu que ela replica a cultura de segurança no trânsito.
— A educação no trânsito proporciona que as pessoas entendam que a segurança no trânsito depende de alguns elementos, que são atitudes que estão, na verdade, intrínsecas às pessoas, diretamente. Respeitar a faixa de segurança, por exemplo, é um ato de coletividade, de se colocar no lugar do outro, e isso precisa vir de cada um de nós — observa o secretário.
No entorno das escolas, as principais infrações costumam ser o desrespeito à faixa de segurança e parar ou estacionar em locais proibidos. A EPTC também alerta para o comportamento de crianças e adolescentes, que podem acabar atravessando a rua de repente, de forma impulsiva.
— Às vezes, a escola abre os portões e as crianças saem correndo, sem prestar atenção. Dependendo da via, o carro pode estar em uma velocidade um pouco alta ou pode haver um trânsito muito intenso e isso pode trazer um acidente. Então, nosso trabalho é chamar a atenção dos alunos para esse risco e também dos condutores — destaca Júnior.
Atividades ao longo do ano
O diretor-presidente da EPTC, Paulo Ramires, explica que as ações de educação no trânsito ocorrem durante todo o ano, tanto externa como internamente, nas escolas. Para além das atividades com os estudantes, há também a capacitação de professores, para que desenvolvam seu trabalho diário pensando na mobilidade urbana. No período de volta às aulas, o foco das ações é relembrar algumas práticas saudáveis no trânsito.
— A comunidade escolar retorna, depois de um período longo de recesso, desatenta a alguns cuidados mínimos que precisamos ter. Promovemos essas ações especialmente para chamar a atenção dos pais, passando dicas de segurança — pontua Ramires.
Mas, para além da orientação dos agentes de fiscalização, a EPTC conta com importantes aliados na conscientização dos pais – os seus próprios filhos.
— A participação das crianças é fundamental, e muito mais ativa do que a maioria das pessoas pensa. Quando as crianças recebem esse treinamento sobre comportamento seguro no trânsito, elas se tornam multiplicadoras. Elas passam essas dicas de segurança adiante e fazem até cobranças para seus pais, seus avós, para que respeitem as regras. É muito legal, porque essa participação vai além dos muros da escola — salienta o diretor-presidente da EPTC.
As atividades educativas fazem parte do Plano de Segurança Viária Sustentável. Dentro do plano, a revitalização da sinalização viária é uma das prioridades. Para a operação volta às aulas, a EPTC repintou 89 faixas de segurança no entorno de instituições de ensino.