Prefeitos e secretários municipais da região metropolitana de Porto Alegre realizaram uma reunião virtual nesta quinta-feira (3) para discutir a retomada das atividades escolares presenciais. Para o grupo, a situação da saúde ainda não está estável e o reinício das aulas colocaria vidas em risco. A presidente do Consórcio dos Municípios da Região Metropolitana (Granpal) e prefeita de Nova Santa Rita, Margarete Ferretti (PT), lembra que os municípios da região recém saíram da bandeira vermelha para a laranja.
— Somos todos contrários a retomada no mês de setembro. No início do próximo mês faremos outra reunião para avaliar o comportamento da infecção e da ocupação dos leitos hospitalares. A partir daí vamos definir se continuaremos sem as aulas ou se haverá alguma possibilidade de retorno — afirmou a prefeita, que também é professora língua portuguesa.
Na prática, segundo o governo do Estado, mesmo que desejem, esses municípios não poderão retomar atividades presenciais escolares. Será preciso que as cidades agora em bandeira laranja permaneçam, no mínimo, 14 dias corridos nessa condição.
Para o prefeito de Cachoeirinha, Miki Breier (PSB), começas as atividades presenciais em setembro pela Educação Infantil é inviável. Ele ainda sugere que o Estado proponha calendários diferentes entre a rede pública e a privada.
— São cenários completamente distintos, sejam eles econômicos, de estrutura, de ordem financeira — ressaltou.
O chefe do Executivo de Santo Antônio da Patrulha, Daiçon Maciel da Silva (MDB), entende que é preciso ter cautela e ouvir os autores sociais. Segundo Silva, a maioria dos pais e professores acreditam que, até o final do ano, não haverá aula presencial. No entanto, garante que o ano letivo não será perdido.
— A grande dúvida que existe é quando vai começar o ensino privado. Como compramos vagas em escolas privadas, os pais terão que assinar um termo de responsabilidade. Precisamos nos precaver, mas a decisão será colegiada dentro do nosso município — garante.
Médico e prefeito de Sapucaia do Sul, Luis Rogério Link (PT) destacou que, há dois meses, os hospitais do município estão 100% lotados em virtude da covid-19. Por decreto municipal, até o dia 30 de setembro, não haverá as atividades presenciais nas escolas públicas e privadas da cidade.
— Todo mundo está cansado da pandemia, e isso é compreensível. Mas há uma unanimidade que, em Sapucaia, não é hora de retornar — afirmou.
Os municípios de Triunfo, Guaíba e Gravataí foram representados pelos secretários de Educação. Os três defendem que a decisão de recomeçar pela Educação Infantil é inadequada.
— Quem tem Educação Infantil é o município, portanto o Estado não pode ditar essa regra. É a cidade que conhece a sua realidade — destacou a secretária Roseli Machado, de Triunfo.
Gravataí possui a segunda maior rede pública de educação do Estado, atrás apenas de Porto Alegre. Para o secretário da pasta, Jean Pierre Torman, é preciso pensar na estrutura física, no transporte escolar e em tudo que envolve a volta dos alunos às salas de aula. O secretário de Saúde de Viamão, José Ricardo Agliardi Silveira, afirmou que nos próximos 30 dias será impossível recomeçar as atividades.
Porto Alegre e Canoas não participaram da reunião. A presidente da Granpal disse que mantém contato com os prefeitos Nelson Marchezan (PSDB), da Capital, e Luiz Carlos Busato (PTB), de Canoas.
Como é o calendário do governo do RS
O cronograma de retomada das aulas prevê a permissão gradual para retomada de atividades presenciais de educação. A liberação começa pela Educação Infantil (creches e pré-escolas), a partir da próxima terça-feira (8). Em 21 de setembro, podem retomar as aulas o Ensino Superior, Ensino Médio e Ensino Técnico. Entre outubro e novembro, serão autorizadas as atividades do Ensino Fundamental. Apesar da autorização do governo do Estado, os prefeitos podem ser mais restritivos e manter essas atividades proibidas em seus territórios municipais.
Em entrevista à Rádio Gaúcha, na quarta-feira (2), o governador Eduardo Leite destacou que, se uma região de bandeira amarela ou laranja tiver uma piora de indicadores para coronavírus e passar para a bandeira vermelha, as aulas presenciais serão novamente suspensas.