Selecionada pelo governo federal para sediar um treinamento para agentes que vão atuar em escolas cívico-militares, Porto Alegre começou a receber as atividades a partir desta terça-feira (11). O primeiro dia de capacitação aconteceu no Hotel Plaza São Rafael, no Centro. Até sexta-feira, as atividades também vão passar pelo Colégio Militar.
No total, são 54 militares, além de 17 profissionais ligados a secretarias da educação – em dezembro, Brasília já havia recebido capacitação de diretores e coordenadores de escolas. A maior parte dos presentes é de bombeiros e policiais, já que, futuramente, haverá um treinamento específico para as Forças Armadas.
Do Rio Grande do Sul, participam quatro militares, sendo dois da Brigada Militar e dois do Exército. Estes últimos já trabalham em Bagé, onde uma escola iniciou, em setembro do ano passado, o atendimento no modelo cívico-militar.
— Os pais amaram o objetivo da escola e hoje saem de lá dizendo que os filhos mudaram seu regramento de horários, seu jeito de agir. Havia dúvidas inicialmente, mas hoje os alunos sabem que não devem sonhar ser militares. Devem sonhar serem bons profissionais — relata o instrutor Ubirajara Neto Farias, 50 anos, que faz capacitação para ser gestor de escola, junto com o colega Roberto César Padilha, 35.
Em Bagé, a escola contemplada é a São Pedro, que passou a trabalhar no modelo antes mesmo da adesão ao programa, por iniciativa da Secretaria Municipal de Educação. Colégios de Alvorada, Caxias do Sul, Alegrete e Uruguaiana também serão contemplados (veja a lista ao fim deste texto).
A abertura da capacitação contou com falas do subsecretário de Fomento às Escolas Cívico-Militares do Ministério da Educação (MEC), coronel Aroldo Ribeiro Cursino, do secretário estadual da Educação, Faisal Karam, e do deputado estadual tenente-coronel Luciano Zucco. Ao longo da semana, técnicos do MEC vão tratar de temas do dia a dia das escolas, como expectativa e valores do programa, relacionamento, comunicação, conflitos e a importância da educação socioemocional.
— A missão da escola cívico-militar é melhorar a vida do jovem por meio da educação. A educação é muito maior do que uma discussão político-partidária. Você só consegue superar um problema por meio do diálogo. Tem que dialogar, criar vínculos com as pessoas, ter confiança mútua para que a gente possa trabalhar — disse Cursino, ao responder a uma pergunta de um militar durante a abertura do evento.
Programa
Cada escola do modelo terá dois gestores (um de gestão educacional e um de gestão escolar), que podem ser da Brigada Militar, do Corpo de Bombeiros ou do Exército. Eles serão responsáveis por replicar o conhecimento para os monitores, também militares, que serão 16 a cada mil alunos. A intenção do programa é atingir os que já estão na reserva.
Das 54 escolas que participam da edição piloto do programa, 27 contam com efetivos das corporações estaduais (policiais e bombeiros). Este é o modelo chamado de "repasse de recursos", em que o MEC disponibiliza R$ 1 milhão por escola para que os governos estaduais ou municipais façam investimento em infraestrutura – o que envolve material escolar, uniforme e pequenas reformas.
O outro modelo, chamado de "disponibilização de pessoal", será adotado para as outras 27 escolas. Nestes casos, o dinheiro será repassado para que o Ministério da Defesa pague os militares da reserva das Forças Armadas. A duração mínima do serviço é de dois anos, prorrogáveis por até 10, podendo ser cancelada a qualquer tempo. Os militares recebem 30% da remuneração que recebiam antes de entrar na reserva.
Atraso na adoção do modelo
Aroldo Cursino não quis dar entrevistas nesta terça-feira (11). Em janeiro, ele havia dito a GaúchaZH que a tendência é de que, no início do ano letivo, a implantação do modelo cívico-militar não esteja completamente concluída.
O secretário estadual de Educação, Faisal Karam, também diz que o processo não será concluído antes do começo do início das aulas.
— A estimativa de repasse é somente para o mês de abril. Também estamos aguardando a contratação de pessoal, já que o edital foi aberto há pouco. A partir do momento em que houver um regramento bem definido da atuação dos militares, o modelo poderá ser implantado.
Escolas contempladas
- Alvorada: Escola Estadual de Ensino Médio Carlos Drummond de Andrade
- Caxias do Sul: Escola Estadual de Ensino Médio Alexandre Zattera - não
- Alegrete: Instituto Estadual Osvaldo Aranha
- Bagé: Escola Municipal Cívico-Militar de Ensino Fundamental São Pedro
- Uruguaiana: Escola Municipal do Complexo Escolar Elvira Ceratti — CAIC