Os mares estão perdendo as cores. Quem mergulha no Caribe hoje pode até se impressionar, mas mal sabe que, entre aqueles recifes de corais, só 14% está vivo, o resto é apenas a estrutura de cálcário.
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No Brasil, a preocupação é a mesma, embora a situação seja um pouco melhor. Pesquisadores do projeto Coral Vivo avisam constantemente sobre o alto risco de branqueamento de corais. Até maio, o alerta principal é para o sul da Bahia, em pontos como Abrolhos e Recife de Fora, e para a região de Búzios, no Rio de Janeiro.
Uma parceria com o NOAA (serviço oceanográfico e atmosférico do governo americano, na sigla em inglês) em 2011 resultou no acompanhamento permanente de nove pontos da nossa costa. Além dos que receberam alerta neste ano, estão Maracajaú (RN), Fernando de Noronha (PE), Atol das Rocas, Costa dos Corais (PE e AL), Bahia de Todos os Santos (BA) e Ilha da Trindade (ES).
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José Carlos Seoane, professor do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio de Janeiro e membro do Coral Vivo, afirma que esses são os alertas mais graves desde que há esse acompanhamento da NOAA na costa brasileira.
Com as informações obtidas por satélite, mede-se a temperatura da superfície do mar várias vezes ao dia e esse quadro é comparado com a média dos últimos
50 anos. Com base nos cruzamentos são feitos os alertas.
Entenda o que é o branqueamento dos corais
O branqueamento é constantemente usado como mais uma evidência das mudanças climáticas. É causado por um estresse contínuo, em que o principal fator é o aumento da temperatura do mar (veja mais abaixo). Mas para reverter a situação não adianta ficar esperando os governantes reduzirem as emissões de carbono, é preciso agir localmente.
- Temos de nos preocupar com a escala global, mas também com a local, para que, mesmo sob estresse, o coral possa se recuperar. Aí incluiríamos a recuperação de matas ciliares e manguezais, para reduzir a quantidade de sedimentos que vão para os mares, maior controle nas atividades portuárias, redução da poluição entre outras medidas - afirma Seoane.
A situação dos corais do Caribe foi detalhada em um relatório da Rede Global de Monitoramento de Recifes de Coral (GCRMN, em inglês). O estudo trazia um alerta: os corais daquela região podem desaparecer completamente em algumas décadas se não forem tomadas atitudes drásticas localmente. A destruição foi rápida. O índice de corais vivos há 40 anos era de 50%, enquanto hoje está em 14%. Entre os motivos, pesca excessiva, introdução de espécies invasoras e ocupação desordenada da costa, aumentando a poluição.
Por enquanto, o Brasil sofre apenas com o branqueamento, não está perdendo suas coberturas coralíneas. Mas, em função da pesca acima da cota permitida, o número de peixes herbívoros que vivem nos recifes reduziu drasticamente. Espécies como o peixe-papagaio, conhecido como budião, e alguns tipos de ouriços mantêm a relação entre algas e recifes equilibrada. Se eles somem, as algas comuns começam a se proliferar, tomando conta dos recifes.