A concorrência é desleal. A escola é obrigada a fazer os alunos raciocinarem, aprenderem fórmulas, interpretarem textos, escreverem redações. No celular, tudo está pronto: TikTok para rir de vídeos humorísticos, Instagram para viver uma vida muitas vezes irreal das celebridades, WhatsApp para conversar com os amigos, jogos eletrônicos e tudo que ajuda a deixar o cérebro mais preguiçoso. A lei que restringe o uso de celular nas escolas foi sancionada nesta segunda-feira (13) pelo presidente Lula. Nos próximos dias, o governo estadual vai editar decreto ou portaria com orientações à direção e professores de escolas estaduais.
A tarefa só terá êxito nas escolas públicas e privadas se começar em casa. Cabe aos pais conscientizarem os filhos de que a medida foi adotada com base em estudos científicos que mostram o quanto o celular em sala de aula contribui para desconcentrar as crianças. Não se está falando aqui das atividades pedagógicas que podem ser feitas com a ajuda do celular, nem ignorando que o mundo é cada vez mais digital. O que está em jogo é a competição pelo tempo do aluno, que precisa da escola para aprender matemática, física, química, biologia, língua portuguesa e tudo o que está no currículo e assim navegar com mais segurança no mundo real e no universo digital.
Hoje cada escola tem autonomia para decidir se libera ou não o celular durante as aulas. Não é coincidência que no Rio Grande do Sul os melhores resultados no Ideb venham de escolas que recolhem o celular no início das aulas ou só permitem que o telefone saia da mochila na hora do recreio.
Não faltará quem diga que a proibição do celular é coisa de ditador, porque assim os alunos não poderão filmar os professores, como muitos fazem hoje, para denunciar suposta doutrinação ideológica. Falso. Nem as escolas militares nem as cívico-militares permitem celular em sala de aula. Em diferentes países democráticos já vigora a proibição. A justificativa é a mesma que agora vale para todos os alunos: evitar a distração.