Cerca de 5 mil estudantes de todo o Rio Grande do Sul se mobilizaram nesta semana e foram a Canoas para apresentar e conhecer projetos de ciência e robótica. O motivo é a quinta edição da Mostra Sesi Com@Ciência, que promoveu diversas atividades ao longo da semana e termina nesta sexta-feira (17). Realizado anualmente desde 2018, o evento gratuito do Serviço Social da Indústria (Sesi-RS) é realizado um formato diferente neste ano.
Esta é a segunda etapa do evento e ocorre na Escola Sesi de Canoas, com torneios de robótica e a apresentação de 220 projetos desenvolvidos por alunos do Ensino Médio, da EJA e do Contraturno Tecnológico do Sesi-RS. Neste ano, participam pela primeira vez estudantes de escolas da rede estadual.
Com mudanças no formato, o evento promoveu experiências memoráveis para os alunos.
— É a primeira vez que participo de um evento assim. Pra mim é muito importante. Eu tinha parado de estudar, comecei no ano passado e agora pretendo não parar mais. Vou seguir em frente, até me formar — conta João Fernando Amaral, 59 anos.
Estudante do 2º ano do Ensino Médio no Polo EJA Rio Grande, o mecânico viu na escola uma oportunidade para criar uma solução para o local onde trabalha, o Terminal de Contêineres (Tecon) do Porto de Rio Grande. Junto de outros colegas e do professor, André Nunes Ferreira, ele criou um sistema para otimizar a cadeia de abastecimento do guindaste portuário móvel RTG, usado para empilhar contêiners.
Esse trabalho costuma ser feito manualmente, o que oferece riscos de acidentes de trabalho, e também pode gerar poluição ao meio ambiente, com o derramamento de combustível. O novo equipamento, que os alunos começaram a desenvolver em abril, evita esses problemas e otimiza o serviço.
Esse é apenas um dos vários projetos, que foram divididos em seis categorias: desenvolvimento sustentável e empreendedorismo; corpo, movimento, música e tecnologia; práticas de engenharia; meninas e mulheres nas ciências; inclusão e cidadania; e acessibilidade e mobilidade.
Outro exemplo é o projeto dos alunos Daniel Machado Fagundes, 46 anos, e Lucas Bueno Jardim, 24 anos. Os estudantes do 3º ano da Escola Sesi de Ensino Médio Francisco Xavier Kunst, em Novo Hamburgo, criaram uma ferramenta capaz de ajudar animais em situação de rua.
— Existem muitos animais abandonados na rua, e muitas pessoas dispostas a ajudar. Essa solução permite rastrear cães perdidos e conectá-los a essas pessoas que queiram ajudar. O objetivo é diminuir a população de animais na rua e facilitar para que encontrem um lar — explica Daniel.
Já Luciane Conceição, 45 anos, e Sônia Felber, 43, da Escola Sesi de Parobé, desenvolveram uma técnica para reaproveitar cascas de frutas e legumes em sucos e chás.
— Esses alimentos são ricos em fibras e nutrientes. Queremos evitar o desperdício — conta Luciane.
Robótica para todos
Boa parte dos recursos destinados à tradicional feira foram realocados, com o objetivo de ajudar a recuperar as escolas nos municípios atingidos pela enchente no Vale do Taquari. Com isso, a mostra, que costumava ser realizada em dois dias de atividades presenciais na Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), foi dividida em duas partes. O primeiro encontro foi em outubro, no Instituto Sesi de Formação de Professores, em Porto Alegre, com palestras e oficinas.
Nesta segunda etapa, na Escola Sesi de Canoas, participam pela primeira vez estudantes de escolas da rede estadual. O tema da edição é “saber questionar para conectar”, que busca vincular o que acontece em sala de aula à realidade, trazendo desafios para que os alunos desenvolvam o pensamento crítico e utilizem as novas tecnologias para gerar soluções inovadoras.
— Neste ano, a grande novidade é a divisão do evento em duas partes e a conexão com o torneio de robótica. Achamos que seria pertinente, a robótica tem muita conexão com os projetos de ciências dos alunos. Proporcionamos um espaço de experimentação, essa é a essência da mostra. São trabalhos que eles desenvolveram ao longo do ano — destaca o superintendente do Sesi-RS, Juliano Colombo.
Os dois primeiros dias foram voltados para projetos de estudantes do Ensino Médio. Nesta quinta-feira (16), foi a vez dos trabalhos oriundos da EJA. Já na sexta-feira (17), o foco são os projetos de crianças e adolescentes do contraturno escolar, além dos dois torneios de robótica.
Haverá uma competição específica para os estudantes da EJA, em que serão desafiados a criar projetos de logística 4.0. Trata-se de conceito que propõe automatizar essa área, inserindo soluções tecnológicas dentro das operações logísticas. E também será sediada no evento a etapa regional da First Lego League Challenge, que desafia estudantes de nove a 15 anos a buscarem soluções para problemas do dia a dia da sociedade moderna.
A programação inclui ainda experiências interativas com o Museu de Ciências e Tecnologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e oficinas de muralismo, robótica e dança.