Acontece até esta sexta-feira (10) a 15ª edição do Festival Marista de Robótica, no Centro de Eventos (prédio 41) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em Porto Alegre. Trata-se de um evento que é referência na área, com recorde de 2 mil estudantes inscritos neste ano, de escolas públicas e privadas, e expectativa de 10 mil visitantes, no total.
Promovido pelo Marista Brasil, o encontro começou nesta quinta-feira (9) e reúne 200 projetos de robótica, todos focados nos conceitos STEAM (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática). Gratuito e aberto ao público, o festival conta com participantes de todo o Brasil, bem como do Exterior.
Um programa de computador que pode auxiliar na prevenção de desastres climáticos, uma estufa criada a partir da carcaça de um computador, e um protótipo de robô que recolhe o lixo dos oceanos. Estes são alguns dos exemplos de projetos apresentados no evento, cujo tema da edição é “H2O: Essência da Vida”.
— Todo ano buscamos discutir temas que possam motivar novas pesquisas, atrelando diferentes competências ligadas à tecnologia. A água, além de ser uma questão fundamental, é um assunto que pode ser explorado por diversos aspectos. Eles criam projetos relacionados à preservação da água, à sustentabilidade, aos desafios climáticos. São situações reais — explica o coordenador do festival, Guilherme Bilhalva, que é analista de Tecnologias Educacionais dos colégios maristas.
O evento acontece desde 2008, mas foi no ano passado que os pequenos entraram na brincadeira. Desde 2022, o festival conta com a participação de alunos da Educação Infantil, além de Ensino Fundamental e Médio.
— Temos participantes a partir dos 5 anos de idade. Nosso foco é aliar a tecnologia à educação desde que as crianças são pequenas. Quanto mais cedo esses jovens tiverem contato com conceitos de engenharia, mais conseguiremos desenvolvê-los, explorando diferentes áreas e interesses — destaca Guilherme.
Da escola para a sociedade
No festival, os estudantes são convidados a participarem de desafios, com o intuito de desenvolverem soluções criativas e inovadoras. As inscrições para o evento iniciaram só em agosto, mas alguns alunos estavam tão empolgados que construíram seus protótipos ao longo do ano. Desde o início de 2023, o estudante Bernardo Costa, 12 anos, estava preparando seu projeto, junto com os colegas do Colégio Marista Champagnat de Porto Alegre.
— Eu participei do festival no ano passado, com outro projeto. Esse ano estamos mais preparados. Estamos trabalhando duro há quase um ano. Gosto muito de robótica, de construir e planejar. Adoro matemática, geografia e ciências, eu penso em ser piloto de avião — conta o aluno do 6º ano.
Bernardo e seu grupo, batizado de Capivaras Aquáticas, criaram um filtro de água que reutiliza água da chuva, pensando em melhorar a qualidade de vida de pessoas que não possuem saneamento básico. É um filtro construído com materiais baratos, como areia, cascalho, algodão e carvão ativado, o que torna sua implementação menos custosa.
— É um filtro de fácil acesso. Não podemos afirmar que a água filtrada se torna potável, estamos em fase de testes. Mas é uma água com coloração clara e sem odor, que pode ser usada para lavar louças, carros, jardins. O protótipo está pronto. Depois, queremos mostrar para a prefeitura, para que possam aplicar a solução em diversos bairros que necessitam — diz Bernardo.
A ideia surgiu nas aulas de empreendedorismo tecnológico, iniciativa que começou neste ano no Marista Champagnat.
Por mais que tenha formato de competição, o mais importante do festival é o desenvolvimento pedagógico dos alunos, da visão científica. Eles podem assimilar diversos conhecimentos a partir dessa temática da água. As meninas nunca tinham se envolvido com robótica antes, e vimos que tiveram um desempenho muito bom nas aulas.
LUIZ FELIPE SEIDLER DA SILVA
Monitor de Tecnologias Educacionais do Colégio Marista Rosário
— É uma atividade extracurricular, já temos 12 estudantes participando. Temos palestras de programação, criação de jogos, entre outras atividades. São bases teóricas para que eles possam percorrer diversos caminhos nessa área — explica o monitor de Tecnologias Educacionais da escola, Maurício Angelo Picolli.
Drones e robôs
O festival é dividido em quatro categorias — Cidade Laboratório e Incubando Ideias, que envolvem projetos como o de Bernardo e seus colegas, e os desafios de Drones e de Robôs. Cada equipe participa de uma modalidade, de acordo com sua faixa etária. Em cada uma delas, os alunos recebem troféus, medalhas e prêmios, como visitas e passeios em espaços da PUCRS.
O grupo “Robotizadas”, de seis alunas do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Marista Rosário, desenvolveu ao longo dos últimos meses dois robôs capazes de resgatar animais e limpar áreas poluídas no oceano, com uso de Lego EV3. Foram os primeiros robôs construídos pelas alunas, que tiveram contato com a robótica pela primeira vez neste ano, em uma atividade na aula de Física.
— Por mais que tenha formato de competição, o mais importante do festival é o desenvolvimento pedagógico dos alunos, da visão científica. Eles podem assimilar diversos conhecimentos a partir dessa temática da água. As meninas nunca tinham se envolvido com robótica antes, e vimos que tiveram um desempenho muito bom nas aulas — afirma o mentor do projeto, Luiz Felipe Seidler da Silva, que é monitor de Tecnologias Educacionais do Colégio Marista Rosário.