Não é de hoje que a equipe Gewinner, de estudantes do Colégio Sinodal, em São Leopoldo, participa de competições nacionais de robótica. Mas, neste ano, a expectativa é grande: depois de, em 2021, ficar em terceiro lugar e, em 2022, alcançar a vice-liderança, o grupo viajará para a Bahia, neste ano, esperando voltar com um troféu dourado, que seria o primeiro da história para um time gaúcho.
Formada por quatro alunos do 3ª ano do Ensino Médio – Lucas Fischer, Arthur Andrade, Arthur Pesi e Theodoro Friedrich – e pelo professor e coordenador das oficinas de robótica do Sinodal, Jorge Jardim, a delegação viajará a Salvador de 4 a 12 de outubro, para representar o RS no nível 2, o mais avançado, da Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR). No nível 1, a equipe sul-riograndense será a TecnoForce, de Cachoeira do Sul. Os primeiros colocados vão para a disputa mundial, que ocorre no ano que vem, na Holanda.
A OBR é um dos principais eventos de robótica do país. Na competição, estudantes de diferentes níveis, como o Ensino Fundamental, o Médio e o Técnico, constroem robôs autônomos. Neste ano, o desafio é criar um que seja capaz de executar tarefas específicas e completar missões dentro de um ambiente que simula uma situação de desastre que necessita de resgate de vítimas, em um ambiente hostil. As criações são pontuadas com base em critérios como precisão, velocidade e eficiência na realização das tarefas.
— Todo ano, tem atualização nas regras, e eles vão dificultando. Quando a competição termina, a gente analisa o que deu certo e errado, implementa melhorias e vai melhorando o programa. O mais desafiador é pensar em um robô que trabalhe em qualquer cenário, porque é só na hora que saberemos qual será. A pista pode ter uma composição muito variada e ele tem sempre que tomar a melhor decisão — explica o professor Jorge Jardim.
Robô Cusco
Foi assim que o Gewinner desenvolveu o robô Cusco. Ao longo do ano, a equipe se reúne uma vez por semana para trabalhar nele, durante as oficinas de robótica, oferecidas de forma gratuita aos estudantes, com limite de 60 vagas. Quando chega perto da olimpíada, porém, os encontros são intensivos – ocorrem todos os dias à tarde e, às vezes, sem hora para acabar.
— É legal que quem entra nas oficinas de robótica do Sinodal abraça a ideia. Esses alunos, inclusive, costumam acabar entrando em cursos afins, como Engenharia, Computação. Já saem prontos. Apesar de não termos curso técnico, eles saem programando muito bem — destaca o docente.
É o caso de Lucas Fischer, 18 anos, um dos integrantes do Gewinner. O jovem, que deve se formar no final do ano, pretende cursar Ciência da Computação. O amor pela área da tecnologia surgiu cedo, ainda na infância, o que o levou a ingressar, no 6º ano, na oficina de robótica.
— Foi a oportunidade ideal para eu conseguir fazer o que eu gosto e aprender coisas novas. Eu não sabia nada sobre robótica e consegui aprender tudo ao longo desses anos — comenta Lucas.
Para o adolescente, participar de atividades extracurriculares, como a oficina de robótica, é um diferencial que trará em seu currículo e poderá ser a peça-chave para uma empresa decidir lhe contratar ou não, no futuro. Para além disso, diz que as viagens que a equipe faz – o grupo já foi, em outros anos, para Rio Grande, João Pessoa e São Paulo – são uma das partes mais legais do processo.
— A oficina não serve só para aprender a técnica mesmo, de construir e programar, mas também toda a parte de convivência com a equipe, e a própria viagem é uma diversão muito grande. E isso também é mais uma coisa que vai nos ajudar no futuro, porque, querendo ou não, a gente vai trabalhar com colegas. É muito legal o processo de conciliar as ideias e tentar chegar em soluções conjuntas — analisa Lucas.
Cultura da robótica
A robótica é uma cultura existente há décadas no Sinodal, que conta com essa oficina para estudantes a partir do 6º ano do Ensino Fundamental. Junto com a equipe Gewinner, viajará um grupo de alunas do 7º ano, que participará do RoboCup Onstage, no qual robôs executam performances culturais. Os robôs das meninas realizarão uma dança tradicionalista gaúcha ao som da música Querência Amada, alcançarão para elas um chimarrão e simularão um churrasco com costelão 12 horas.
Em novembro, outra equipe, formada por adolescentes do 1ª e do 2ª ano do Ensino Médio, participarão da World Robot Olympiad, outra disputa na área da robótica, que será realizada no Panamá. Nessa competição, um robô simulará uma operação de carregamento de contêineres para barcos.