Com o aumento de candidaturas internacionais, cresce a preocupação de profissionais com a habilidade de falar inglês. O ideal é que o candidato seja fluente ou tenha um nível intermediário do idioma, um dos mais utilizados para vagas e contratações em outros países. Especialistas apontam que é importante que os profissionais saibam se comunicar com clareza.
O Relatório Global de Contratações Internacionais da Deel, companhia de gestão de pessoas, aponta que, entre 2022 e 2023, o Brasil se tornou o quinto país com maior número de profissionais que atuam para empresas de fora do país. Cargos de finanças, consultorias e dados são os mais populares. Neste cenário, o inglês é fundamental.
— Vemos muito a procura de empresas internacionais por profissionais da tecnologia, que é um setor que está em alta e com carência de profissionais qualificados em diversos países. Se a pessoa definiu que o objetivo é uma oportunidade internacional, tem que ter o nível de proficiência adequado. O inglês é uma das línguas mais utilizadas, independente da região ou setor — afirma Marília Zanini, consultora do PUCRS Carreiras.
A especialista pontua que, em alguns casos, a fluência não é necessária: o candidato pode saber o suficiente do idioma para desempenhar sua função e se comunicar com os líderes. Daniela Tempass, especialista em recrutamento bilíngue e ex-professora de inglês, aponta que, na maioria das oportunidades, o recomendado é que o profissional tenha um nível intermediário ou avançado. O nível de proficiência necessário costuma ser divulgado nas descrições das vagas.
— Para conseguir se colocar (neste mercado), o profissional tem que ter um inglês avançado. Então, ele vai ter que se esforçar um pouco mais para buscar essa fluência. Nos Estados Unidos, por exemplo, os profissionais não têm o hábito de falar uma segunda língua. É uma vantagem ter esse conhecimento. Se é um inglês intermediário, tudo bem, o profissional vai conseguir fazer parte da equipe, mas não vai ter uma fluidez para conversar e expor polêmicas, principalmente na parte técnica — acrescenta Daniela.
A recrutadora assegura, ainda, que os profissionais de recursos humanos não costumam cobrar certificados para comprovar a aprendizagem do idioma. Se, durante a entrevista, o profissional mostrar que domina bem o inglês, é o suficiente. Diferentemente de outras habilidades, como competências mais técnicas, nas quais é importante apresentar algum tipo de certificação.
O que considerar na entrevista
Conforme as profissionais, é normal que os candidatos fiquem nervosos com as entrevistas de empregos para vagas internacionais. O momento já é ansiogênico quando conduzido na língua materna. Em outro idioma, pode ser ainda mais desafiador. Algumas empresas podem optar por dividir o processo seletivo em várias partes, sendo um primeiro momento reservado para a checagem do nível do idioma e outro para avaliar os conhecimentos técnicos necessários.
— Os gestores já nos passam algumas perguntas técnicas que vão ajudá-los a entender se o profissional é bom ou não. Então o candidato precisa saber explicar o seu conhecimento técnico em inglês. O mais importante é ele conseguir se fazer entender, mas não com uma linguagem tão infantilizada. O candidato também precisa entender o meu inglês. Se eu noto que ele não entendeu o que eu perguntei, já sei que ele vai ter mais dificuldade com algum cliente norte-americano ou indiano — relata Daniela.
Erros de conjugação e sotaque forte podem ser frequentes nas falas de brasileiros que têm o inglês como segunda ou terceira língua. Isso, garantem as especialistas, não é o suficiente para considerar um candidato inapto para a vaga. O fundamental é que a mensagem consiga ser transmitida sem nenhum detalhe ficar perdido nas traduções.
O que importa é que a pessoa consiga se comunicar, estruturar respostas e contar uma história com começo, meio e fim.
MARÍLIA ZANINI
Consultora de carreira do PUCRS Carreiras
Marília relata que a insegurança é algo que ela nota com regularidade nesses processos seletivos. Às vezes, o profissional tem o conhecimento do idioma, mas não está acostumado a praticar ou nunca teve oportunidade de conversar com falantes nativos e, portanto, fica com medo de não ter um nível adequado. A falta de confiança pode potencializar o sentimento de nervosismo. Para essas situações, a consultora indica o treino:
— Pensando em contextos de trocas com outros profissionais, o sotaque não é algo tão importante assim. O que importa é que a pessoa consiga se comunicar, estruturar respostas e contar uma história com começo, meio e fim. Para se preparar, existem as entrevistas simuladas em inglês. Ferramentas na internet e inteligência artificial podem auxiliar. Então qual que é o pensamento mais estratégico frente a essa dificuldade? A preparação e a confiança. É um combo de autoconhecimento, planejamento e preparo.
O PUCRS Carreiras oferece auxílio com entrevistas simuladas em inglês. O serviço custa R$ 200 e conta com dois encontros. No primeiro, o candidato fala um pouco sobre sua trajetória e a oportunidade pretendida e, no segundo, profissionais de recrutamento realizam uma entrevista no outro idioma. Interessados podem contratar a modalidade pelo site.
Onde buscar vagas internacionais
Marília pontua que várias plataformas podem ajudar os candidatos a procurar oportunidades de emprego em empresas estrangeiras. Na maioria delas, é necessário criar uma conta e preencher um formulário com informações sobre as experiências profissionais, conhecimentos técnicos e área de atuação. Depois, é só buscar as vagas por palavras-chave.
Confira alguns sites:
- Indeed
- Glassdor
- Intch