Mudanças no setor da tecnologia vêm impactando a remuneração dos profissionais do ramo, indica estudo realizado pela consultoria brasileira Fox Human Capital.
Entre 2022 e 2024, posições como UX/UI design tiveram queda salarial de mais de R$ 2 mil, enquanto outros cargos, como de diretor de tecnologia, tiveram aumento em mais de R$ 3 mil, segundo o relatório divulgado em maio.
O ajuste nos salários ocorre após onda de demissões em massa no setor após a pandemia, o que levou, por um lado, as empresas a aproveitarem o contexto para preencher vagas e fortalecer as equipes. E, por outro, trabalhadores a buscarem melhores salários e benefícios, além de procurarem expandir suas qualificações.
Esse balanço do mercado passa por diversos fatores, como o inverno cripto (queda geral nos preços das moedas digitais), as guerras na Europa e na Ásia e a alta do dólar, explica o gerente de Tech da Fox Human Capital, João Henrique Benedet.
— Houve também uma mudança no cenário dos VCs e PEs (Venture Capitals e Private Equity), que estavam mais propensos a realizar investimentos até 2022. Esses começaram a seguir uma linha mais "conservadora", visando o resultado financeiro das startups — acrescenta ele.
Em comparação a 2022, aparecem cifras mais altas em 2024 para diretores de tecnologia, desenvolvedores experientes (sênior), gerentes e CEOs. Enquanto para cargos de recrutadores, desenvolvedores com menor experiência (júnior e pleno) e UX/UI design, houve uma diminuição dos salários. As variações chegam a R$ 7 mil, aponta o guia (confira na tabela abaixo).
Mais vagas afirmativas e aumento do uso de IA
Outras tendências do mercado foram mapeadas pelo estudo, como o aumento na demanda de recrutamento para vagas afirmativas e estratégicas.
Esses cargos requerem maior nível de qualificação e dão prioridade para grupos sub-representados no mercado, como mulheres, negros, indígenas e LGBT+, além de pessoas com deficiência.
O documento apontou ainda as novas dinâmicas do setor considerando a chegada da inteligência artificial (IA), como a escassez de talentos e a possibilidade da ferramenta trazer riscos a posições já estabelecidas na área.
— Com certeza podemos afirmar que cadeiras deixarão de existir, porém, em contrapartida, diversas outras serão criadas. Algo que podemos afirmar é que a habilidade de manusear ferramentas básicas de IA, como ChatGPT e Gemini, passarão a ser indispensáveis no leque de skills dos profissionais, assim como era o pacote Office tempos atrás — ressalta João Henrique Benedet.