Cursos nas áreas de Saúde e de Tecnologia apresentam os maiores índices de empregabilidade, conforme levantamento conduzido entre agosto e setembro deste ano pelo Instituto Semesp, entidade que representa mantenedoras do Ensino Superior no Brasil. Graduações como Medicina, Gestão da Tecnologia da Informação (TI) e Ciência da Computação estão entre aqueles com maior percentual de egressos do Ensino Superior trabalhando na área de formação.
Foram consultados 5.681 egressos, tanto da rede pública quanto da particular, em todos os Estados, sendo que 26,2% dos respondentes são de São Paulo e 10,8% do Rio Grande do Sul. O curso de graduação que figura no topo da lista é Medicina. Cerca de 92% dos graduados da área exercem atividades remuneradas relacionadas ao curso.
Segundo diretor-executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, isso se deve à falta de profissionais formados na área, somada à alta demanda do mercado de trabalho. O mesmo fenômeno é observado na área de TI, que deve seguir crescendo.
— A área da tecnologia vai continuar crescendo nos próximos anos e ela também sofre pela falta de profissionais qualificados na área com formação superior. Tem muita gente com formação técnica, mas não com formação superior, que tenha as habilidades e competências necessárias para o exercício da profissão, principalmente em cargos mais estratégicos, de liderança, de gerência e assim por diante — explica.
As áreas de TI e Saúde e Bem-estar também são destaque quando se trata de transição de carreira. Conforme o estudo, um em cada cinco egressos que exercem alguma atividade remunerada pretende mudar de área de atuação. Isso equivale a 20,8% dos respondentes. Foram considerados apenas os egressos que exercem atividade remunerada.
Outros 79,2% responderam que pretendem seguir na área em que trabalham atualmente. Entre aqueles que têm planos de mudar de carreira, 27,7% pretendem migrar para uma área de Saúde ou Bem-estar. Outros 10,3% pensam em ir para o segmento de TI. Essas duas áreas concentram boa parte das respostas.
Conforme Capelato, devido ao cenário econômico em que o país se encontra, não há crescimento uniforme entre as áreas, e as melhores vagas estão concentradas nestes dois segmentos. Isso pode estar por trás do percentual maior de profissionais interessados em migrar para estas carreiras:
— As pessoas estão migrando, buscando oportunidades e, sobretudo, uma perspectiva de carreira mais sólida, com maior possibilidade de trabalhar em novas áreas, de serem promovidos, de terem mais estabilidade nesse sentido. São profissões mais valorizadas e com melhores oportunidades em termos de perspectiva de carreira.
Fora da área de formação
O levantamento do Semesp também traz os cursos em que boa parte dos egressos está trabalhando, mas em uma área que não a de formação, por diversos motivos. Engenharia Química (55,2%), Relações Internacionais (52,9%), Radiologia (44,4%), Engenharia de Produção (42,4%) e Processos Gerenciais (41,2%) são as graduações com maior percentual de profissionais trabalhando numa área diferente da de formação.
Isso acontece por dois fatores, principalmente:
- cursos cujo mercado de trabalho é mais restrito ou limitado
- profissões cuja formação é multidisciplinar, abraçando diferentes áreas, como o caso das Relações Internacionais
— No caso da Engenharia, isso é mais emblemático ainda, porque os profissionais são muito disputados pelo mercado financeiro, por exemplo. Muitas vezes, eles até podem conseguir vaga dentro da sua área de formação. Mas as vagas do mercado financeiro são mais atrativas do ponto de vista de longevidade de carreira e remuneração. Ou seja, há muita empregabilidade fora da área e são carreiras que têm uma formação multidisciplinar forte. São pessoas capazes de atuar em muitas outras áreas — argumenta o diretor.
Áreas com maior desemprego
O estudo também aponta as graduações que registraram os índices mais altos de formados que não estão exercendo atividade profissional remunerada. É o caso dos cursos de História, Relações Internacionais e Serviço Social.
Entre as principais dificuldades elencadas pelos profissionais desempregados estão a falta de experiência na área, baixa remuneração ofertada pelas empresas e a escassez de oportunidades de trabalho. Entre os fatores por trás disso, além da crise econômica que se prolonga desde 2015, o diretor cita a desvalorização dessas profissões.
— É o caso da História, que está muito relacionado a uma carreira muito desvalorizada. Apesar de haver oferta de trabalho, a oferta é muito precária, tanto do ponto de vista de remuneração, como do ponto de vista de condições de trabalho. Com isso, as pessoas acabam ficando sem trabalhar.