O Colégio Israelita Brasileiro (ICB) de Porto Alegre completa cem anos de fundação nesta quarta-feira (23). A instituição foi criada por imigrantes judeus do leste europeu que se instalaram no Rio Grande do Sul no século 19. Nos primeiros anos de funcionamento, o Israelita recebia apenas filhos de judeus, mas isso mudou nas décadas seguintes.
Esse processo ocorreu de forma gradual, e não se tem registro de quando a instituição se tornou aberta. Atualmente, a escola é filantrópica e tem 40% dos cerca de mil alunos que não integram a comunidade judaica. A instituição iniciou as atividades no bairro Bom Fim, na região central de Porto Alegre, e hoje está localizada na Avenida Protásio Alves, no bairro Santa Cecília.
Conforme o diretor da escola, Janio Alves, o colégio é uma das instituições judaicas de ensino mais antigas do Brasil, e é vista como um marco para a integração dos imigrantes à Capital.
— É muito forte, na cultura judaica, a ideia de uma geração cuidar da próxima. Precisa haver uma escola para que exista futuro da comunidade, e o legado do Israelita tem a ver com isso. Por isso, (o colégio) se tornou uma instituição de referência — diz.
Segundo o diretor, atualmente, a escola desenvolve competências exigidas na vida pessoal e no mercado de trabalho no século 21, com foco no desenvolvimento cognitivo dos alunos, das competências socioemocionais, da criatividade e das habilidades digitais. Esses objetivos são trabalhados de forma integrada com preceitos da tradição judaica.
— O lema que utilizamos é que nosso futuro tem muita história. O foco é entender o que é contemporaneidade, as competências necessárias, compreender a tecnologia e a inovação, desenvolver as soft skills. Mas isso não se dá em detrimento da memória, porque inovação e tradição são coisas complementares, e não excludentes — afirma.
Conforme o diretor, desde 1922, o Israelita tem se mostrado como um celeiro de personagens importantes para o Estado, em diversos campos do conhecimento. Ele cita alguns: o escritor Moacyr Scliar, o músico Nico Nikolaievski e o publisher e membro do Conselho da RBS, Nelson Sirotsky.
— Às vezes, as pessoas falam como se a comunidade judaica não fizesse parte das culturas gaúcha e porto-alegrense, mas ela faz parte, assim como outros imigrantes que estão presentes no Estado. O colégio formou centenas de profissionais, escritores, médicos, músicos, jornalistas. O Israelita é uma contribuição dos imigrantes judeus para a história do Rio Grande do Sul — pontua.
As comemorações do centenário da escola tiveram início em dezembro de 2021. Entre as atividades, a comunidade escolar pode participar de um espetáculo de música e dança intitulado “Israelita 100 anos: vem que vou te contar”, do qual participaram pais, avós, alunos e profissionais da instituição na terça-feira (22). Nesta quarta, na data do centenário, a instituição encerra as atividades comemorativas com um bolo e um "parabéns" coletivo ao Israelita, no pátio do colégio.