As soft skills são um conjunto de competências relacionadas ao comportamento de uma pessoa. Elas são entendidas como características essenciais para o desenvolvimento da carreira profissional. Assim, as soft skills são modos de lidar com situações do dia a dia de trabalho e que permeiam a atividade principal do profissional.
Liderança, capacidade de resolução de problemas e inteligência emocional são alguns dos exemplos desse grupo de habilidades. Além de ajudar na carreira profissional, elas são importantes para a vida pessoal do indivíduo.
Nesse contexto, as habilidades comportamentais se diferenciam das hard skills, entendidas como um grupo de competências técnicas de um profissional, a capacidade que ele tem de executar o trabalho para o qual foi contratado. Os dois grupos não concorrem entre si, nem são classificados em graus de importância, pelo contrário: especialistas ouvidos por GZH entendem que o desenvolvimento desses dois conjuntos de habilidades é essencial para que o profissional atinja os objetivos almejados na carreira.
De acordo com Luciane Linden, orientadora de carreira na Unisinos e CEO da Carreiras Karnal & Linden, soft skills é um tema discutido por várias instituições globais e nacionais por causa da importância delas no mercado de trabalho hoje.
— Competências técnicas (hard skills) podem ser mais facilmente desenvolvidas do que competências comportamentais (soft skills). Mas todas as competências podem ser desenvolvidas, desde que haja o interesse e disposição para seu desenvolvimento. Ter um mindset de crescimento cria a oportunidade de aprender continuamente e de se desenvolver — afirma.
Luciane diz entender que as principais competências do futuro estão, na maioria dos cenários, associadas às soft skills. Ela justifica que, com o desenvolvimento da indústria e as tecnologias, conhecer e ter domínio desses recursos é necessário para qualquer profissional, algo que não mudou no mercado de trabalho.
No entanto, ter apenas o conhecimento técnico, uma hard skill, não basta: pois é importante buscar "conhecimentos, habilidades e atitudes que nos fazem superar os robôs". E esse conjunto de conhecimentos pode ser obtido por qualquer pessoa:
— O primeiro passo mais efetivo para o desenvolvimento das soft skills é a tomada de consciência de que competências desenvolver – ao mapear o que quer melhorar, é possível realizar ajustes – aprender com outras pessoas (processo de modelagem), ler sobre e colocar-se diante situações que promovam o desenvolvimento dessas competências.
Principais soft skills, segundo Luciane Linden:
- Nível de abertura: uma postura de abertura para novas aprendizagens englobando a curiosidade, flexibilidade e adaptabilidade
- Resolução de problemas: pensamento crítico, análise dos problemas, facilidade para enxergar e criar soluções
- Atitude empreendedora: não se conformar com a rotina, com as coisas como elas são e sugerir ajustes. Uma ação protagonista direcionada e constante a fim de melhorar processos e gerar resultados
- Inteligência emocional: capacidade de reconhecer, expressar e controlar as emoções. A empatia é o componente chave da inteligência emocional
- Colaboração e responsabilidade social: ampliar o senso coletivo e dar espaço ao espírito colaborativo, somar esforços, preocupar-se com o meio ambiente e com o outro
Curiosidade e alfabetização para futuros
Rafael Souto, especialista em carreira e CEO da Produtive, cita a curiosidade como a soft skill mais importante. Ele explica que essa característica se relaciona ao hábito de a pessoa buscar conhecimentos de forma permanente, não apenas com a finalidade de uma promoção na empresa, por exemplo, e sim como um posicionamento diante do aprendizado:
— Ser curioso, querer aprender, não significa se matar trabalhando. Essa inquietação para aprender nem sempre exige mais horas. Às vezes, é possível ser curioso com uma pergunta em uma reunião. É uma atitude que não toma mais tempo necessariamente — assegura.
O especialista cita a mentalidade de crescimento como uma soft skill importante neste momento do mercado. Segundo Souto, ela também não está ligada à busca por melhores posições dentro de uma empresa, mas é a busca por "um modelo mental de crescimento, uma aprendizagem permanente do profissional". Nesse assunto, ele indica o livro Mindset: a nova psicologia do sucesso, de Carol S. Dweck, professora de psicologia na Universidade Stanford.
À mentalidade de crescimento está associada a outra habilidade importante: aprendizagem para a vida toda, também conhecida como cultura de lifelong learning. É um entendimento que toma como norte o ditado de que "nunca é tarde demais para aprender alguma coisa". Além das três citadas, Rafael Souto diz entender que uma soft skill valorizada neste momento é a chamada alfabetização para futuros:
— O profissional do século 21 precisa construir cenários para o desenvolvimento profissional dele. Isso não vem pronto como vinha no passado. Ele precisa fazer a gestão da carreira, olhar cenários, e não esperar que alguém faça isso por ele — explica.
Principais soft skills, segundo Rafael Souto:
- Curiosidade: desenvolver o hábito de buscar informação, uma inquietação para aprender assuntos diversos
- Mentalidade de crescimento: o interesse de a pessoa aprender, estar aberta a novas situações, "curtir a jornada da aprendizagem". É o oposto do profissional que se acomoda no mercado de trabalho, que não quer conhecer ou se expor a contextos não explorados.
- Aprendizagem para a vida toda: cultura de lifelong learning. Entender que a pessoa tem de estar sempre em busca de aprendizagem, durante toda a vida. É a filosofia que baseia o ditado "nunca é tarde demais para aprender alguma coisa"
- Alfabetização para futuros: é o indivíduo olhar cenários para o próprio futuro profissional e não delegar esse processo a terceiros ou a empresas. Relaciona-se à gestão de carreira da pessoa