Em sala da sinagoga da União Israelita, uma das escolas mais tradicionais de Porto Alegre nasceu 100 anos atrás. Em um século, o Colégio Israelita Brasileiro, carinhosamente chamado de CIB, formou cidadãos e profissionais de destaque nas mais diversas áreas. No ambiente simples e improvisado, os primeiros 70 alunos receberam as instruções do professor Vecksler e da professora Teitelbaum. Além de estudos judaicos, desde o início, receberam educação geral.
Em 23 de novembro de 1922, data de comemoração do aniversário da escola, foram registrados os estatutos da Sociedade de Educação e Cultura Porto-Alegrense, razão social do CIB. A trajetória do colégio se mistura com a história dos judeus na cidade, que vieram das primeiras colônias no interior do Estado ou diretamente de outros países. Com a concentração no Bom Fim, viram a necessidade de oferecer educação às crianças. Inicialmente, as turmas eram multisseriadas, com alunos de várias idades.
O número de interessados cresceu e o espaço na Rua Dr. Barros Cassal começou a ficar pequeno. Em 1924, a escola mudou-se para o Centro Israelita Porto-Alegrense, na Rua Henrique Dias, com ensino primário no turno da manhã e ensino de iídiche e hebraico à tarde. As famílias judias valorizam muito a educação. Com aumento da comunidade, naturalmente, chegaram mais alunos.
Nova mudança foi necessária em 1938. No prédio da Avenida Osvaldo Aranha, a escola tinha Jardim de Infância e Primário (1º ao 5º ano). Em 1945, o número de alunos chegou a 156 e, dois anos depois, já saltou para 254. A Sociedade de Educação e Cultura Porto-Alegrense faria campanha para construção de nova escola na década de 1950.
Uma área disponível na rua João Telles foi considerada inadequada, por isso buscaram outro terreno. O local escolhido fica na Avenida Protásio Alves, onde o colégio está até hoje. O primeiro pavilhão foi construído durante quatro anos. Em 29 de abril de 1956, o Ginásio Israelita Brasileiro (nome da escola na época) inaugurou o prédio para alunos do Jardim de Infância até a 1ª série do Ginásio. Quatro anos depois, o nome voltou a ser Colégio Israelita Brasileiro, já com ampliação do ensino para o Clássico e o Científico.
No novo endereço, a escola cresceu, ganhou mais prédios e alunos. Na década de 1950, com espaço maior e reconhecimento da qualidade do ensino, começou a receber mais estudantes não judeus. Coordenadora da Educação Judaica do CIB, Ilse Edla Bejzman Wofchuk, testemunhou as transformações desde a década de 1960, primeiro como aluna e depois como professora. Ela reforça a importância que dão há muito tempo para evoluir em projeto de qualidade pedagógica. Sobre os nomes da escola, conta que foram idas e vindas. Nas primeiras décadas, era chamado eventualmente de Colégio Israelita ou Colégio Iídiche. Com o Estado Novo, precisou mudar para Escola de Educação e Cultura. Depois de curto período como Ginásio Israelita Brasileiro, adotou o nome Colégio Israelita Brasileiro em 1960.
Em um século, o CIB transformou e faz parte da vida de milhares de famílias. Não faltam boas lembranças dos ex-alunos. Atualmente, são em torno de mil estudantes e mais de duzentos profissionais.
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