Prevista para ser votada na quarta-feira (22) pela Assembleia Legislativa, a nova proposta do governo Eduardo Leite para o reajuste dos professores é criticada por deputados aliados. Apesar disso, esses parlamentares votarão a favor do projeto sob argumento de que, ainda que a proposta fique abaixo do esperado, o governo do RS avançou em relação ao texto inicial. Eles entendem ainda que o Estado chegou ao limite financeiro com o projeto.
— É melhor do que nada. E está dentro das possibilidades que o Tesouro do Estado tem — avalia Vilmar Zanchin, líder do MDB, maior bancada de apoio ao governo Leite na Assembleia.
A proposta prevê aumento salarial que varia entre 5,5% e 32% para os professores estaduais — deixando de fora a categoria dos funcionários de escolas. A média é de 22% de reposição.
Os maiores percentuais de aumento serão aplicados aos professores que entraram mais recentemente no quadro, enquanto os indicadores mais baixos pesarão sobre os professores aposentados e os que têm mais tempo de carreira.
— Não é o que a gente esperava. A gente gostaria de um reconhecimento para os professores, e a gente vê na proposta um pequeno reajuste. A gente compreende que, antes de não avançar, temos que avançar em algo, então, de minha parte votarei favoravelmente — aponta Fran Somensi, do Republicanos, partido aliado que tem dois deputados.
Luís Augusto Lara, do PTB, projeta que os cinco deputados da bancada também vão votar "sim" ao texto. Para Lara, aumentos mais expressivos aos professores podem ser dados nos próximos anos, conforme houver receita.
— A gente gostaria de mais (reajuste aos professores). Aprova este projeto neste ano e, ano que vem, eu acho que a gente tenta dar aos inativos e ativos mais um ganho. À medida que vai entrando dinheiro no caixa, a gente vai tendo condições de dar reajustes salariais — defende Lara.
No PSB, a avaliação é mais cautelosa. Segundo o líder partidário, Elton Weber, a proposta deixa os parlamentares entre a cruz e a espada. Para ele, pior do que o reajuste baixo proposto, é não aprovar nenhum aumento salarial.
— Esta terça e esta quarta vão ser dias fortes na reunião de bancada e no plenário. No caso dos professores, Cpers (sindicato dos professores) e aposentados são contra o projeto. Me parece que o projeto desagrada todo mundo. Se votarmos "sim", tem manifestações explícitas contra o projeto. Se votarmos "não", será mais um ano sem reajuste. Para a Assembleia, ficou uma decisão embretada — afirma Weber.
Além do projeto sobre reajuste dos professores, o Parlamento gaúcho também apreciará, nesta semana, a proposta do governo Leite de reorganização do saneamento básico. O texto, que cria blocos de saneamento unindo grupos de municípios, deve ser o primeiro a ser votado nesta terça-feira (21).
— O projeto sobre o magistério está ajustado. O governo do Estado chegou ao limite do que poderia ir. E o projeto sobre o saneamento a gente arredondou. Tem dois ou três pontos que ainda vamos discutir, mas não são graves — avalia o presidente da Assembleia, Gabriel Souza (MDB), que liderou parte dos debates sobre a regionalização dos serviços de água e esgoto.
O líder do governo na Assembleia, Frederico Antunes (PP), diz não ter recebido manifestações contrárias de aliados ao projeto de regionalização. Em relação ao reajuste dos professores, afirma que não há margem para uma nova proposta.