A nomeação de Carlos Bulhões como o novo reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) tem provocado fortes reações de políticos nesta quarta-feira (16). O professor foi o último colocado na consulta realizada entre professores, servidores e alunos e sua escolha quebra uma tradição de décadas de respeito ao resultado da votação na comunidade universitária.
— A nossa bandeira é retirar o aparelhamento ideológico das universidades. O Bulhões se comprometeu com isso, nessa linha de ação, de escola e universidade sem partido. É a postura pública dele quanto a isso — diz o deputado estadual Ruy Irigaray, próximo do deputado federal Eduardo Bolsonaro, ambos do PSL.
O deputado estadual Luciano Zucco (PSL) declarou estar "feliz" com a nomeação e disse que isso é resultado de "várias influências positivas, não de um ou dois parlamentares". Ele comentou sobre a indicação de Bulhões feita ao MEC:
— De forma responsável, falamos dos predicados do professor Bulhões e do seu currículo extenso.
No Twitter, o deputado federal Paulo Pimenta (PT) falou em "escalada autoritária". "Trata-se de fato gravíssimo que destrói uma conquista de 30 anos da comunidade universitária e da sociedade. Não podemos aceitar calados a escalada autoritária", escreveu. Em seguida, relembrou episódio de sua trajetória pessoal: "Em 1985 fui baleado na luta por 'Diretas Urgente pra Reitor e Presidente', próximo ao DCE/UFSM. Hoje Bolsonaro nomeia Bulhões, 3° colocado na eleição, como reitor da UFRGS e ignora uma conquista histórica da democracia. Não podemos nos calar diante do avanço do autoritarismo".
Na corrida pela prefeitura de Porto Alegre, Manuela D'Ávila (PCdoB) engrossou as críticas à indicação do Palácio do Planalto. "O projeto de destruição do ensino superior público passa pelos cortes no financiamento e fim da democracia interna das universidades. A nomeação de quem PERDEU a eleição para reitor da UFRGS é um absurdo!", disse a candidata, que já foi vereadora, deputada estadual e deputada federal.
Fernanda Melchionna, deputada federal e candidata do PSOL à prefeitura da Capital, classificou a indicação, pelo presidente Jair Bolsonaro, do terceiro colocado no pleito universitário como "intervenção" em postagem no Facebook e no Twitter:
"Não iremos aceitar Bulhões como INTERVENTOR na Reitoria da UFRGS! Bolsonaro acaba de nomeá-lo, desrespeitando escolha da maioria da comunidade acadêmica. Nomear o candidato menos votado na votação é um ataque à autonomia universitária! Intervenção, não!", diz a publicação.
Bibo Nunes, deputado federal pelo PSL do Rio Grande do Sul, que na semana passada adiantou, após contatos no Ministério da Educação, que Bulhões seria o escolhido, comemorou a oficialização no Twitter: "Presidente Bolsonaro nomeou Carlos Bulhões como Magnífico Reitor da Universidade Federal do RS. Excelente profissional, que fará excelente trabalho em sua gestão. Conte comigo!"