Carlos André Bulhões assumiu o cargo de reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) nesta segunda-feira (21), em meio a protestos, após uma campanha eleitoral de intensa disputa e acusações de interferência política e até intervenção por parte do governo federal. Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, na manhã desta terça-feira (22), o novo reitor falou sobre a polarização do tema, seu histórico de atuação e desafios pela frente.
Para o novo reitor, a polarização na sociedade gaúcha existe desde os maragatos e chimangos:
— Mas educação é um bem superior a tudo isso. Sim, acho que qualquer manifestação, debate, qualquer pensamento, de esquerda, de direita, de centro, do norte e ou do sul é bem-vindo. E o local de debater é na universidade, mas isso sendo feito de uma forma plural. O pensamento é plural, está escrito no nosso regimento, agora, um plural de pensamento único não dá. Não tolho liberdade de pensar de ninguém.
Em reposta à turbulência após a nomeação em Diário Oficial, com a realização de manifestação estudantil no dia da posse, Bulhões ressalta que o momento é de pacificar:
— Nosso papel é tranquilizar todo mundo. Pessoalmente, não tenho proximidade com o presidente da República. Mas torço para que todos que foram legitimamente eleitos tenham êxito. Não tenho filiação partidária nenhuma.
Tido como mais alinhado com o presidente Jair Bolsonaro, Bulhões, ao lado da professora Patrícia Pranke, representa a chapa que recebeu a menor parcela de votos da comunidade acadêmica na consulta interna. Além disso, ganhou o menor número de votos em eleição do Conselho Universitário (Consun).
Sobre desafios do cargo, diante de um Ministério da Educação até então problemático, com a queda de ministros e corte de verbas para pesquisa, Bulhões diz que é preciso olhar para a frente:
— Entendo que são tantos os desafios que não posso dirigir o carro pelo espelho retrovisor. Vamos lutar pelo financiamento, inclusão pedagógica e diálogo.