Ao comentar a estagnação no desempenho de universidades brasileiras no ranking das melhores universidades do mundo divulgado nesta quarta-feira (11) pela Times Higher Education (THE), o reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Rui Vicente Oppermann, sublinhou a manifestação da editora do levantamento, Ellie Bothwell, que criticou a "hostilidade do governo atual em relação à educação superior" no Brasil.
— Temos a voz de uma autoridade inquestionável, que avalia milhares de instituições no mundo todo de forma quantitativa, sem tom ideológico, dizendo que o Brasil está ficando para trás. A declaração de Ellie Bothwell deixa evidente que o Brasil está perdendo respeitabilidade internacional graças às políticas deste governo — diz Oppermann.
Em comunicado à imprensa ao publicar o ranking mundial, Ellie afirmou que há uma relação entre a estagnação do Brasil no top 1000 e as constantes questões de financiamento no Ensino Superior brasileiro. Ela afirma que "o Ensino Superior global está se tornando um campo cada vez mais competitivo e o Brasil terá que trabalhar mais para fazer avanços positivos na tabela de classificação.
No geral, as universidades brasileiras ficaram estagnadas no ranking, que avalia 1,3 mil universidades em 92 países. A UFRGS tem a terceira melhor classificação entre as brasileiras, junto com outras quatro universidades, e fica atrás apenas da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade de Campinas (Unicamp), sendo que a Unicamp caiu de faixa.
Para Oppermann, a queda de desempenho da Unicamp é um indicativo de que o corte de bolsas e as restrições orçamentárias da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) afetam até mesmo as instituições que não dependem de verba federal para o custeio das atividades cotidianas. Até porque os indicadores de pesquisa e produção acadêmica são muito valorizados no ranking da THE.
— Ter mantido a classificação pode ser uma ótima notícia, porque não estamos regredindo, mas é uma péssima notícia, porque poderíamos estar evoluindo. Nenhum país sai de uma recessão econômica sem investimento em educação — conclui o reitor.
Na Universidade de Caxias do Sul (UCS), que é uma das ingressantes brasileiras no ranking da THE, Marcos Eduardo Casa, um dos coordenadores do Setor de Avaliação Institucional da universidade caxiense, destaca o impacto social da produção acadêmica como uma forma de aumentar a visibilidade do que se faz na universidade. Com sedes espalhadas em oito cidades da Serra Gaúcha, a UCS se diferencia de instituições com mais tradição em pesquisa científica pela relação mais próxima com o setor produtivo local.
— Ao submeter dados a um sistema de avaliação como este, a universidade acaba prestando atenção em um determinado conjunto de indicadores. Percebemos que não só a produção acadêmica em si, mas o impacto social das pesquisas tem sido cada vez mais valorizado, e isso é fundamental em instituições como a nossa, focada no desenvolvimento regional — comenta Casa.