O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, disse nesta quarta-feira (27) que a demissão do presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Marcus Vinicius Rodrigues, foi devido a uma "puxada de tapete" feita por ele, ao ter assinado a portaria que adiava a avaliação da alfabetização prevista pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) para 2019.
— Essa demissão foi porque o diretor-presidente do Inep puxou o tapete. Ele mudou de forma abrupta o entendimento que já havia sido feito, pela preservação da Base Nacional Curricular, de forma a fazer as avaliações em comum acordo com as secretarias de educação estaduais e municipais — disse o ministro durante audiência pública na Câmara dos Deputados.
Diante da polêmica, a portaria que adiava para 2021 a avaliação que seria feita em 2019 com os estudantes brasileiros foi anulada pelo ministro. Segundo ele, tal medida precisava ser mais debatida por sua equipe, não podendo ser adotada tendo por base apenas um parecer técnico – no caso, recomendação feita pelo secretário de Alfabetização do Ministério da Educação (MEC), Carlos Nadalim.
Em entrevista à Rádio Gaúcha na manhã desta quarta-feria (27), Rodrigues disse que sua saída era "inevitável" após a publicação da portaria, e que, devido à repercussão negativa, "tinham que achar um culpado".
— O ministro Ricardo é uma pessoa do bem, que tem boa vontade, mas é gerencialmente incompetente — afirmou o ex-presidente do Inep.
As recentes mudanças no MEC, com exonerações de cargos de confiança, foram questionadas pelos parlamentares.
— É inaceitável queum país como o nosso, com problemas tão grandes na educação e com consenso de que educação é a solução para o país, o senhor tenha feito tantas demissões e exonerações em função de disputas (internas) de grupos políticos (no ministério) — disse o líder da oposição, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ).
Na abertura da audiência, o ministro disse que o Brasil caminha para ter os problemas que a Colômbia tinha há 30 anos, devido à associação do tráfico de drogas com a violência.
— O Brasil está doente de uma droga chamada crack, presente em 98% dos municípios — disse o ministro.
De acordo com ele, as escolas cívico-militares ajudarão a evitar problemas como esse e o ocorrido na Escola Professor Raul Brasil, no município paulista de Suzano, quando dois ex-alunos entraram na escola e atiraram contra estudantes e professores. O atentado resultou em 10 mortos, incluindo os dois atiradores.
— Durante a campanha, o presidente Jair Bolsonaro destacou seu desejo de difundir escola com base no ensino e gestão empregado nas escolas cívico-militares, que têm se mostrado bem-vindas pelas famílias — disse.