A Escola Estadual Vera Cruz, no bairro Glória, na zona leste de Porto Alegre, não terá aulas nesta quarta-feira (7) em protesto contra um caso de violência escolar ocorrido no final da tarde de terça (6). A diretora da instituição registrou um boletim de ocorrência na polícia contra a mãe de dois alunos, que teria agredido a educadora com unhadas em um dos braços e tapas. A mulher nega a agressão e diz que o que ocorreu foi uma discussão entre as duas.
Este o terceiro registro policial de violência contra educadores em 13 dias em escolas da Capital — os dois casos anteriores foram em instituições da rede municipal.
Segundo o relato de professoras da escola, a diretora foi atacada após cobrar da mãe pontualidade para buscar os dois filhos que estão matriculados na instituição. Nessa terça, a mulher teria chegado 40 minutos após o término das aulas acompanhada de uma amiga, por volta de 17h40min. O tempo de tolerância seria de 10 minutos.
Por causa do atraso, a diretora e uma professora precisaram aguardar por esse período para não deixar as duas crianças sozinhas. A diretora teria dito à mãe que, da próxima vez, deixaria os alunos sob responsabilidade do Conselho Tutelar, que fica ao lado da escola. Naquele momento, a mãe a teria agarrado pelo braço e começado a agressão.
Conforme o boletim de ocorrência, registrado na 13ª Delegacia de Polícia (DP), a diretora foi agredida com empurrões e tapas. A agressão foi apartada por um homem que passava em frente à escola. A educadora, que teve o nome preservado, não respondeu os contatos da reportagem por telefone.
A mãe contesta a denúncia da educadora e diz que não houve agressão, mas sim uma discussão entre as duas. A mulher, que pediu para não ter o nome divulgado, reconheceu à reportagem que se atrasou para buscar as crianças e que, inclusive, pediu desculpas à diretora. Mas que a educadora teria falado de forma agressiva e a ameaçado, "apontado os dedos" para o seu rosto. Ela diz que, neste momento, segurou o braço da diretora, que teria se arranhado ao tentar se soltar.
— Eu estou triste porque tenho que sair para rua, tenho dois filhos pequenos. As pessoas vão vir contra mim sem saber o que realmente aconteceu. Fui acordada com a repercussão e quero me defender — diz a mulher, que também registrou um boletim de ocorrência, por constrangimento.
Na manhã desta quarta-feira (7), cartazes anunciando que não haveria aula foram colocados na entrada da escola. Os professores estavam dentro da instituição, todos vestidos de preto em protesto.
"Repudiamos a agressão que a diretora sofreu por parte de familiar de aluno! Estamos trabalhando com muitas dificuldades, mas agressão de pais não iremos tolerar", diz o cartaz em folhas de ofício afixado com uma fita na entrada da escola.
A 2ª Delegacia de Polícia investiga o caso. O delegado César Carrion diz que quer ouvir ainda nesta quarta-feira a diretora e a mãe para depois tomar alguma providência.