Centenas de estudantes e professores protestaram na tarde desta quinta-feira (1º) contra a agressão sofrida por uma docente da Escola Municipal de Ensino Fundamental Grande Oriente, no Rubem Berta. Eles percorreram ruas do bairro com cartazes pedindo paz, respeito aos professores e segurança. Durante a manhã, também houve manifestação.
A agressão ocorreu na noite de quarta-feira (31), após a professora, que pediu para não ser identificada, ir à rua chamar alguns alunos que estavam na calçada após o início das aulas. O portões são fechados às 19h15min.
Ela teria abordado um estudante de 15 anos e pedido que ele entrasse. A irmã do adolescente, que é ex aluna da unidade e estava junto com ele, não teria gostado da abordagem. Ela acertou um soco na boca da professora e só parou com as agressões depois de ser contida por outros alunos, conforme testemunhas.
Por causa da agressão, as aulas foram suspensas nos três turnos e serão retomadas na próxima segunda-feira (5).
— A gente vive, cotidianamente, pequenas violências, sendo que a maioria delas vamos deixando passar, não divulgamos. E chega um ponto que a comunidade não tem mais limite e acaba extrapolando. É preciso assistência na escola, guarda para fazer a segurança e um projeto maior — disse a professora de Artes Cênicas, Nádia Mancuso.
O secretário municipal da Educação, Adriano Naves de Brito, lamentou o episódio. Sobre a falta de segurança relatada pelos alunos e docentes, ele destacou que as escolas fundamentais da cidade, apesar de não contarem com guardas, têm portaria. No caso do colégio onde ocorreu a agressão, a portaria funciona pela manhã e entre o fim da tarde e a noite.
A Guarda Municipal, segundo ele, realiza rondas. Também há câmeras de segurança interligadas com o Centro Integrado de Comando da Cidade de Porto Alegre, onde há um funcionário da Secretaria Municipal de Educação (Smed) realizando o monitoramento:
- A escola é um ambiente diferente. Ter a Guarda Municipal fixa não é o ideal. Ela pode dar uma impressão de segurança, mas não pertence a escola. Temos uma pessoa que é da escola, está sob a tutela do diretor, que é o porteiro. Ele é quem conhece os alunos, conversa e auxilia. A ideia é expandir a partir do ano que vem esse sistema para todas as nossas escolas.
A professora agredida teve ao menos quatro dentes quebrados. Por estar bastante machucada e com dificuldades na fala, ela deverá prestar depoimento à Polícia Civil na segunda-feira.
Na semana passada, outra professora foi agredida em um caso semelhante, também pela irmã de um aluno. O caso aconteceu na Escola Municipal Afonso Guerreiro Lima, no bairro Lomba do Pinheiro. O motivo da agressão teria origem na suspensão do irmão da mulher, de 14 anos, que ocorreu no dia anterior.
— Esse tipo de violência não vem sozinha. Faz parte de um contexto. Não é simplesmente ir para a rádio, condenar a agressão e não fazer nada. É preciso uma política de segurança nas escolas, entre a prefeitura, as autoridades em geral e as comunidades. Precisamos urgentemente de guardas. Os professores estão inseguros — diz Glauco Dias, diretor da Associação dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação do Município de Porto Alegre (Atempa).
Conforme a Guarda Municipal, nos últimos 30 dias foram realizados 60 patrulhamentos e inspeções na escola.