O método de correção das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não é apenas resultado do número de acertos nas 180 questões e da Redação. Desde 2009, o método de Teoria de Resposta ao Item, o TRI, atribui níveis de dificuldade distintos a cada questão e identifica possíveis chutes. Isso faz com que cada estudante tenha uma pontuação final diferente, ainda que tenha acertado o mesmo número de questões.
O chute é desestimulado da seguinte forma: os organizadores da prova definem grupos de questões fáceis, médias e difíceis para cada disciplina. Se o aluno acerta uma questão difícil e erra questões fáceis, o sistema de correção compreende que o candidato arriscou uma alternativa, pois não considera que houve coerência entre as respostas.
– Se tem duas questões de termodinâmica e você acerta a difícil e erra a fácil, o sistema pressupõe que você chutou. Se você sair chutando todas, não vai adiantar nada. O melhor é chutar na difícil, e não na fácil – explica Ênio Kaufmann, professor de Física do Unificado.
No entanto, para tomar esta decisão, quem deve avaliar a dificuldade das questões é o próprio aluno. Isso porque não há qualquer sinalização na prova que indique qual questão é fácil, média ou difícil. Você pode saber mais sobre uma matéria e menos sobre outra, e isso é determinante para medir a dificuldade da questão. Esses critérios também variam a cada disciplina.
Diego Zanella, professor de Matemática do Unificado, sugere uma técnica para otimizar o tempo de prova e a identificação das questões mais fáceis. Primeiro, o aluno deve selecionar as perguntas conforme a dificuldade:
– É a teoria pega-varetas: precisamos pegar as mais fáceis primeiro. Isso nos garante muito tempo de prova. Se você acertar só as fáceis, já garante uma ótima pontuação – afirma Zanella.
A dica dos professores é sempre focar no conteúdo que você domina. Ao se dedicar a ele, é possível economizar um tempo precioso para a realização de todo o caderno de questões.
Por atribuir um peso diferente às perguntas e identificar chutes, o sistema TRI não permite saber qual a pontuação final com base no número total de acertos. Se o aluno entregar uma prova em branco, sua nota nunca será zero, mas um valor mínimo estipulado em razão do grau de dificuldades das perguntas.
Método importado
- Criada nos anos 1950, a TRI é utilizada como sistema de avaliação no TOEFL, exame que mede a proficiência em inglês, bastante comum para quem busca programas de intercâmbio. O objetivo do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) é garantir a elaboração de provas com o mesmo grau de dificuldade ao longo dos anos.
- As notas mínima e máxima de cada prova nunca serão 0 ou 1000. Isso porque a avaliação não consegue inferir se o candidato tem proficiência muito baixa ou muito alta, assim como não existem questões muito fáceis ou muito difíceis. Em 2017, por exemplo, a nota máxima (45 acertos) para Ciências da Natureza e suas Tecnologias foi 885,6.
- É sempre melhor chutar do que deixar uma questão em branco. Se a avaliação não identificar coerência no chute, o acerto poderá ser desvalorizado, mas uma questão em branco significa necessariamente um erro.