Reitor da Universidade de Caxias do Sul (UCS), uma das instituições de ensino privado gaúchas a abandonar o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) depois das reformulações feitas pelo governo federal, Evaldo Kuiava classificou como "engodo" o novo formato do programa. Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, na manhã desta terça-feira (6), Kuiava, também segundo vice-presidente do Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas (Comung), expressou sua insatisfação.
— O ônus passa a ser nosso. Chegamos à conclusão de que esse modelo não serve para as nossas instituições. É um engodo a proposta do governo — afirmou o reitor.
Descontentes com as novas regras, as principais instituições privadas de Ensino Superior do Rio Grande do Sul já anunciaram que não vão aderir ao programa: PUCRS, Unisinos, Universidade de Passo Fundo (UPF), Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e Centro Universitário Franciscano (Unifra), de Santa Maria, além da UCS, estão fora. A principal reclamação das entidades é em relação à falta de clareza do texto e aos maiores riscos de terem de arcar com a inadimplência.
— O governo oferece 100 mil vagas para todo o Brasil. Na UCS, temos 2,8 mil vagas que ocupamos e já chegamos a ter 3,7 mil. Só a nossa instituição tem mil alunos a menos, um impacto significativo.
Kuiava argumentou que as universidades estão buscando opções para oferecer aos estudantes:
— Temos um financiamento próprio que se resume em ampliar o tempo de pagamento da mensalidade. O aluno pode cursar o curso integralmente e pagar só 50%, e o resto lá na frente. Fazemos uma análise de perfil. Se ele não tem condições de pagar nem 50%, buscamos uma alternativa.
Para o reitor da UCS, o modelo anterior do Fies era usufruído por muitos estudantes que tinham condições de pagar por seus estudos. O programa, ressaltou Kuiava, teria sido distorcido na raiz. Alunos sem possibilidade de recorrer ao financiamento agora estariam pagando o preço de um projeto mal concebido.
— É um projeto distorcido. Tem que buscar uma solução para o passado com novas regras em função da inadimplência. Este projeto é um projeto falido, não tem solução.
Quanto aos estudantes já ligados ao Fies antigo, Kuiava garantiu que todos os contratos serão mantidos. Os alunos poderão, se quiserem, optar pelo Novo Fies.
— Ano passado, oferecemos 800 vagas, sendo que o governo encaminhou 160 alunos para nós. Na verificação, conseguimos preencher mal e mal cem vagas.