O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, a B3, registra uma alta superior a 1,5% nesta segunda-feira (19), alcançando, pela primeira vez na história, os 136 mil pontos. No acumulado do mês, o índice já soma um ganho de mais de 6%. As informações são do g1.
Esse desempenho positivo é impulsionado, em grande parte, pelo otimismo dos investidores com a possível redução das taxas de juros nos Estados Unidos pelo Federal Reserve (Fed), o banco central americano.
Particularmente nesta segunda-feira, o otimismo foi reforçado após uma declaração de Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do Banco Central do Brasil (BC), que é cotado para assumir a presidência da autarquia. Ele afirmou que nunca sofreu pressão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para tomar decisões no BC.
Corte de juros
Em 31 de julho, o Federal Reserve optou por manter as taxas de juros dos Estados Unidos inalteradas, na faixa de 5,25% a 5,50% ao ano. Embora essa decisão já fosse amplamente esperada pelo mercado, ela trouxe uma sinalização importante: a possibilidade de um corte na taxa de juros na próxima reunião, prevista para setembro.
Na ocasião, o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que uma redução dos juros poderá "estar na mesa" se os dados econômicos dos Estados Unidos evoluírem conforme o esperado.
Desde julho de 2023, os juros nos Estados Unidos estão no nível mais alto em mais de 22 anos. Esse patamar foi alcançado após sucessivos aumentos promovidos pelo banco central norte-americano a partir de 2022, como parte de uma estratégia para conter a inflação resultante da pandemia de covid-19.
Esse movimento tem repercussões globais, incluindo no Brasil. Juros mais altos nos EUA aumentam a atratividade dos Treasuries (títulos públicos norte-americanos), o que influencia os mercados de ações e o dólar, à medida que mais investidores migram para os Estados Unidos em busca de maior rentabilidade.
Por isso, uma sinalização de redução dos juros nos Estados Unidos gera otimismo no mercado de ações brasileiro. Com a possível queda na taxa, os rendimentos na economia mais segura do mundo tendem a diminuir, incentivando os investidores a buscar ativos de maior risco, o que beneficia o mercado acionário no Brasil.
Um novo fator reforçou a expectativa dos investidores de que o Fed possa cortar os juros em setembro: a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor dos EUA (CPI, na sigla em inglês) na última quarta-feira (14).
Em julho, o índice registrou um aumento de 0,2%, acumulando uma alta de 2,9% nos últimos 12 meses. Ao excluir os componentes mais voláteis da inflação — como alimentos e energia —, o CPI também subiu 0,2% em julho e 3,2% no acumulado de 12 meses, marcando o menor aumento anual desde abril de 2021.
Embora esses números ainda estejam acima da meta de 2% estabelecida pelo Fed, o mercado interpreta que a desaceleração dos preços pode criar condições para o primeiro corte nas taxas de juros desde 2020.
Nova regra fiscal
A nova regra fiscal, marcada pela dificuldade do governo em cortar gastos, tem sido uma fonte de preocupação no mercado brasileiro. As previsões indicam que as contas do governo devem registrar um déficit de R$ 28,8 bilhões em 2024, valor que corresponde ao limite da meta fiscal estabelecida no novo arcabouço aprovado em 2023.
Para cumprir essa meta, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou no mês passado o congelamento de R$ 15 bilhões no Orçamento. Embora especialistas apontem que esse valor ainda não seja suficiente para alcançar o déficit máximo permitido de R$ 28,8 bilhões, o esforço de ajuste nas contas foi bem recebido pelo mercado.
A partir de julho, o governo intensificou o apoio aos esforços de Haddad para cumprir o arcabouço fiscal, um fator importante para a confiança dos investidores e a credibilidade no controle das finanças públicas.
Uma mudança significativa no discurso veio do presidente Lula, que enfrentou uma disparada do dólar no fim de junho após várias declarações sobre gastos públicos que iam na contramão do controle fiscal. Diante das reações negativas do mercado, Lula adotou um tom mais cauteloso, afirmando que "responsabilidade fiscal é compromisso" e que o governo "não joga dinheiro fora."
Essa nova postura de Lula, sem declarações que gerem incertezas sobre os gastos públicos, tem contribuído para um período de maior estabilidade no mercado interno, refletindo positivamente no Ibovespa.