O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a atribuir a alta do dólar a uma "especulação contra o real", após a moeda americana fechar a segunda-feira (1º) a R$ 5,65, maior cotação desde 10 de janeiro de 2022. As declarações ocorreram em entrevista à Rádio Sociedade, em Salvador (BA), nesta terça-feira (2).
— É um absurdo. Veja, obviamente que me preocupa essa subida do dólar. É uma especulação. Há um jogo de interesse especulativo contra o real neste país — declarou.
Na sequência, Lula afirmou que volta a Brasília para uma reunião nesta quarta-feira (3) "porque não é normal o que está acontecendo". Segundo ele, o governo tem que agir em relação à situação sobre a suposta especulação contra o real.
— Nós temos que fazer alguma coisa. Eu não posso falar aqui o que é possível fazer, porque, se não, eu estaria alertando os meus adversários — declarou Lula.
O real apresenta o pior desempenho entre seus pares latino-americanos. Na segunda-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou crer que o patamar de câmbio vá se acomodar e que a situação do dólar se reverta, à medida que os processos de decisão sobre gastos do governo forem concluídos.
Ruídos na comunicação
Haddad também que "a alta recente do dólar deve-se a 'muitos ruídos'". Ele reconheceu que a moeda norte-americana subiu mais em relação ao real do que na comparação com moedas de países emergentes e defendeu a melhoria da comunicação do governo para informar resultados econômicos.
— Atribuo (a alta do dólar) a muitos ruídos. Eu já falei isso no Conselhão. (reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável) Precisa comunicar melhor os resultados econômicos que o país está atingindo — disse Haddad no início da noite, após o dólar fechar em R$ 5,65 e atingir o maior nível em dois anos e meio.
— O dólar está alto. Apesar da desvalorização de outras moedas ter acontecido no mundo todo, de uma maneira geral, aqui aconteceu maior do que nos nossos pares: Colômbia, Chile, México — declarou o ministro, que, no entanto, não informou quais ruídos têm provocado a desvalorização do real.