Apesar da especulação de que a oficialização sairá em breve, o presidente Lula não quis cravar que indicará o diretor Gabriel Galípolo para comandar o Banco Central. Quando a coluna perguntou se o faria nos próximos dias, na entrevista do Gaúcha Atualidade, o presidente até riu, sabendo que qualquer sinalização mais concreta sua tem potencial de mexer em indicadores como dólar e bolsa de valores. Disse que ainda falará com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, antes para acelerar a sabatina.
— Não sei se é o Galípolo. Sei que eu tenho o direito de indicar agora o presidente do Banco Central e mais alguns diretores. Antes quero conversar com o presidente do Senado para que os indicado sejam votados logo para não ficarem sofrendo desgaste de especulação política durante meses e meses — disse.
Na sequência, disse que indicará uma pesssoa com "muito caráter, muita seriedade e muita "responsabilidade", que não deverá "favor ao presidente da República". Com isso, mais uma vez responde ao receio dos agentes econômicos de que Galípolo ou outro indicado fará o que Lula quiser, lembrando que o presidente da República faz críticas frequentes à política monetária e especialmente ao atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Entende que tem sim como reduzir mais a taxa de juro no país, mesmo com os alertas de que provocaria descontrole da inflação. Porém, foi bem mais ponderado do que em outras falas e do que, inclusive, na entrevista anterior à Rádio Gaúcha, em junho do ano passado.
— Vou indicar uma pessoa que terá compromisso com o povo brasileiro. Na hora que tiver que reduzir a taxa de juros, ele terá que ter coragem de dizer que vai reduzir. Na hora que precisar aumentar, ele vai ter que ter a mesma coragem e dizer que vai aumentar. Em economia, não tem mágica. Economia a gente não inventa. Se inventarmos, quebramos a cara — acrescentou.
— Todo momento que alguém tentou inventar na economia ou todo momento que o presidente da República se meteu a ser economista, não deu certo esse país. Como eu não sou economista, sou apenas presidente da república, converso com muita gente, ouço muita gente. É por isso que eu tenho a orelha caída, é de tanto ouvir. Eu gosto de consultar as pessoas.
Encerrou o assunto dizendo que o problema com Campos Neto não é pessoal. Que não foi a ele que o presidente do Banco Central desagradou, mas o país e o setor produtivo.
— Nós, obviamente, levamos em conta a necessidade da autonomia do Banco Central, mas é importante lembrar que o Banco Central deve ao povo brasileiro. Ele não é uma instituição autônoma do povo brasileiro. Tem que fazer as coisas pensando no povo brasileiro — finalizou.
Ouça a entrevista na íntegra:
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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