A decisão de manter os decretos que retiram incentivos fiscais de uma série de produtos, anunciada oficialmente pelo governo gaúcho na segunda-feira (30), pode elevar o preço pago pelo pão francês, tradicional item de consumo diário na cesta básica gaúcha, entre R$ 2,25 e R$ 3, a partir desta quinta-feira (2). É o que aponta o presidente do Sindicato da Indústria de Panificação do RS (Sindipan), Arildo Bennech Oliveira, ao afirmar que o aumento no produto repassado ao consumidor final será de 15% a 20%.
— Quem não reajustou na quarta-feira deverá remarcar na quinta. E será preciso fazer rápido, porque o prejuízo com a falta de sensibilidade do governo será enorme, mas a proporção será definida por cada local — explica Oliveira.
O cálculo apresentado pelo dirigente considera um valor médio de R$ 15 para o quilo do pão francês, verificado entre as mais de seis mil panificadoras filiadas à entidade. Na nova composição dos custos, o presidente do Sindipan-RS salienta que, além da incidência de ICMS, o que significa um acréscimo de 13,65% em impostos para as empresas, é preciso considerar outros 5,65% referentes ao tributo da farinha de trigo.
É que esse insumo, usado na fabricação de pães, também está na lista dos cortes de benefícios para os itens da cesta básica e terá a alíquota de 7%, cobrada durante a vigência do incentivo fiscal, majorada para 12%. Na ponta do lápis, seja em razão da perda da isenção ou pelo corte de benefícios, Lindonor Peruzzo Junior, vice-presidente da rede de supermercados Peruzzo contabiliza aumentos em exatos 1.490 itens que são comercializados em um dos 25 estabelecimentos do Grupo, que também inclui os atacarejos Ecomix.
No pão francês, ele comenta que a ideia é dividir o repasse de 14% em duas etapas (uma na quinta-feira e outra mais tarde) para evitar o impacto direto do aumento dos atuais R$ 13,49 para R$ 15,39 o quilo. O mesmo percentual será aplicado ao leite de saquinho, que passará de R$ 4,99 para R$ 5,69 o litro, nas unidades localizadas em cidades como como Bagé, Candiota, Dom Pedrito, Caçapava do Sul, Santa Maria, Alegrete e São Borja.
— Minha origem é da padaria e sei o tamanho do problema que vamos enfrentar, porque o produto vai subir muito por conta da falta de sensibilidade em debater um pouco mais, não há motivo para sobrecarregar os produtos da cesta básica — argumenta.
Decisão será tomada por cada estabelecimento
Apesar das estimativas e da certeza e aumento nos custos, a decisão de repassar os valores ao consumidor final é tomada por cada estabelecimento. A reportagem de GZH solicitou informações a quatro redes de supermercados, com pelo menos mais de uma dezena de lojas em Porto Alegre e no interior do Estado, que preferiram não se manifestar sobre o tema.
Em um dos casos, o Grupo Asun, por nota, alega que "os preços ainda não foram reajustados e provavelmente essa mudança ocorrerá a partir da próxima segunda-feira (6), mas primeiro vamos entender como o mercado se comportará.”
Entidade que representa o setor, a Associação Gaúcha de Supermercados (AGAS), planeja realizar um webinar nesta quinta-feira, com um especialista que possa esclarecer aspectos que ainda deixam os supermercadistas "confusos". O presidente da entidade, Antonio Cesa Longo, destaca que, em meio a mais uma catástrofe climática enfrentada pelos gaúchos, os consumidores deverão sentir os efeitos da medida no bolso:
— No dia do trabalho, uma data sempre comemorada por quem trabalha e por quem cria os trabalhos, não temos muito a comemorar. Há cidades inundadas e queda de pontes que atrapalham a logísticas do Estado, mas estamos preocupados por que a partir deste 1º de maio o consumidor final já está sentind0 no bolso o efeito dos preços, por conta do aumento de alíquotas (corte de benefícios) e a retirada de alíquotas reduzidas.
Como ficam as alíquotas
- Alimentos da Cesta Básica passam de 7% para 12% em 01/05/24;
- Pão francês e leite ABX serã tributado em 12% a partir de 01/05/24;
- Ovos, frutas, legumes e hortaliças ficarão isentas até 31/12/24;